

Na terça-feira (19), cerca de 60 pessoas se reuniram na Câmara de Vereadores de Cruzeiro do Sul, juntamente com vereadores, secretários, Administração Municipal e do Hospital São Gabriel Arcanjo, e demais membros da Casa de Saúde e sociedade, interessados no andamento das atividades da entidade.
Antecedendo a chegada do promotor de justiça, Sérgio da Fonseca Diefenbach, os presentes fizeram uma visita nas dependências do Hospital, podendo observar as condições que o mesmo se encontra. O promotor também analisou as instalações, tendo posteriormente se reunido com todos, na sede do Poder Legislativo.
Conforme Diefenbach, essa foi a sequência de uma série de reuniões que iniciaram semana passada, diante de um momento sério e delicado que vive o Hospital de Cruzeiro do Sul, que possui 70 anos de história. Ainda segundo o promotor, as decisões de agora refletem no futuro da cidade e também tocam no passado do município. O magistrado destacou que alguns pontos fracos do Estado são os primeiros a sofrerem, entre eles, as sociedades hospitalares, que lidam com um direito fundamental das pessoas. A falta de recursos repassados pelo Estado e União implica, ao natural, que as contas começam a não fechar.
“Diante disso, é preciso verificar se é possível manter as atividades. A decisão é da comunidade, através das pessoas que foram eleitas. Contudo, é necessário ser coletiva e consensual. É normal as divergências, como dentro de nossa própria casa, mas a decisão precisa ser a mais clara e fundamentada possível. Todos precisam saber que para manter o hospital é necessário dinheiro, o qual não deve vir apenas do Município. É preciso que não se passe por angustia todo mês, como ocorre atualmente”, refletiu o promotor.
Diefenbach acrescenta que o momento do Hospital é grave e delicado, mas não desesperador. Ele ressalta que há pessoas de boa vontade, que não medem esforços para que a casa de saúde se mantenha. “Porém, não basta boa vontade. É necessário falar de números, valores, para manter a estrutura. Para isso, o próximo passo é fazer uma avaliação – relatório – para ver o que se pode ou não fazer pela entidade”, disse.
O prefeito, Lairton Hauschild, destacou que o momento é preocupante, mas que é necessário buscar a solução. “Todos têm a mesma ansiedade, que é buscar a solução. O primeiro passo foi buscar apoio da promotoria. Precisamos ter um norte e uma projeção do hospital para dez anos. A dívida foi herdada, mas não vamos culpar outros. Em conversa anterior com o Ministério Público, firmamos a cedência de três funcionários para ajudar na gestão. Além disso, através do Executivo, queremos que seja realizada uma auditoria, o que também é um pedido do Legislativo. Estamos repassando recursos e desde o início do ano não foi feita uma prestação de contas detalhada. Temos que ter uma direção e deixar claro o que é financeiro e o que é patrimonial, até para evitar apontamentos futuros”, pontuou. Hauschild ainda lembrou das defasagens. “Apesar de todas as dificuldades, se fez um esforço para passar uma quantia a mais. Temos que unir forças. O objetivo não é fechar o hospital. Temos que buscar um norte para mais a frente comemorar juntos. A missão é difícil, mas não impossível”, acrescenta.
Atualmente o Município repassa em torno de R$ 200 mil por mês para o Hospital São Gabriel Arcanjo. Para os próximos seis meses, será feito um acréscimo de até R$ 10 mil/mês. Além disso, segunda-feira (25) o prefeito estará se deslocando à Brasília, onde entregará um projeto visando a liberação de R$ 500 mil para a Casa de Saúde. O promotor ainda sugeriu um novo encontro em 30 dias, para avaliar como está o andamento das atividades. “Estamos aqui tentando salvar o patrimônio da comunidade. Seria muito fácil interditar o órgão. Mas o passo mais importante é a união de todos. O presidente da instituição, Delírio Mallmann, observou que muitas pessoas da comunidade querem fazer doações ao Hospital. “Em breve serão disponibilizadas duas contas de diferentes agências, podendo ser repassado o valor desejado pelo contribuinte”, complementa.
Hospital sob analise de empresa mantenedora
Conforme o representante da 16ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRS) Ramon Zuchetti, uma empresa mantenedora tem interesse de gerir mais hospitais na região. Atualmente, na regional, cinco ou seis somente se mantêm por conta. Outros são com base nos municípios. Até a próxima segunda-feira, a empresa informará se há ou não interesse no Hospital de Cruzeiro.
Texto: Ascom Cruzeiro do Sul