O deputado estadual Edegar Pretto (PT) foi empossado em sessão solene, nesta terça-feira (31), como novo presidente da Assembleia Legislativa. A eleição e posse da nova Mesa Diretora do legislativo estadual foi conduzida pela deputada e agora ex-presidente, Silvana Covatti (PP), e confirmou o acordo firmado entre os partidos, desde 2007, que estabeleceu o princípio da gestão compartilhada no comando do parlamento. Esta é a terceira vez que um deputado do PT presidirá o parlamento gaúcho. A primeira foi com Ivar Pavan, em 2009, e a segunda, com Adão Villaverde, em 2011.
Pretto discursou para um plenário lotado por trabalhadores do campo e da cidade. Várias autoridades prestigiaram a solenidade, entre elas, o governador José Ivo Sartori, o deputado federal Dionilso Marcon (PT), representando a Câmara dos Deputados; Luiz Felipe Difini, presidente do Tribunal de Justiça; o procurador Geral de Justiça, Marcelo Dorneles; os ex-governadores Olivio Dutra e Tarso Genro, do PT, e Jair Soares (PP); o presidente do Tribunal de Contas, Marco Peixoto; deputados estaduais e federais, vereadores, prefeitos e lideranças sindicais, sociais, políticas e empresariais.
Primeiro discurso
Ao discursar como presidente do Legislativo, o deputado Edegar Pretto disse que não vai esquecer suas origens e fortalecerá o diálogo e a democracia no Legislativo. Filho do ex-deputado Adão Pretto (PT) e ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, ele garantiu que seguirá “com um pé na luta e outro no parlamento” e que está ciente de que representa a Assembleia Legislativa e seus 55 parlamentares. Pretto afirmou que não medirá esforços para que “este Parlamento seja, todos os dias, a Casa do Povo e cumpra seu papel neste momento de grandes desafios”. Para Edegar Pretto, “neste momento de crise e de questionamento às instituições e à própria democracia, tenho certeza que este Parlamento não se furtará a assumir grandes causas, de realizar grandes debates e de dialogar com todos os setores da sociedade gaúcha”.
Compromissos
Ainda na tribuna, o presidente disse estar consciente de que assume a presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em um momento de crise econômica, política e social, em um dos períodos mais atribulados da política brasileira desde a sua redemocratização. “É um contexto complexo, inquietante e de desfecho ainda incerto; de questionamento quanto ao papel do Estado no desenvolvimento; de ataque aos partidos políticos, a políticas, direitos sociais e à própria Constituição; de radicalização e intolerância; de desgaste, de perda de espaço e poder de organizações tradicionais e de questionamento às instituições, em especial ao Parlamento.”
Para o presidente da Assembleia, “esta Casa não está imune e não pode ficar indiferente como se nada estivesse acontecendo. Este Parlamento não pode desconhecer, também, o debate que se trava em nível mundial. Precisamos dialogar com a sociedade e construir os consensos possíveis que a democracia exige.” De acordo com Edegar Pretto, “o Parlamento está desafiado a assumir causas merecedoras de grandes debates, a dialogar e contribuir na busca de alternativas para a superação dos grandes problemas que afetam a sociedade gaúcha”. Ele acredita que “isto só é possível com a defesa e a reconstrução da democracia no nosso País”.
Edegar Pretto assumiu o compromisso de defender a democracia, a participação popular, a agricultura e a soberania alimentar. “Nossa luta pela construção da democracia e de uma sociedade mais igualitária pressupõe, ainda, que enfrentemos o tema da equidade de gênero.”
Movimentos
Sobre o processo de democratização do País, o presidente eleito do Legislativo recordou que este processo possibilitou o surgimento de um movimento sindical combativo, de inúmeros movimentos e organizações sociais populares, entre eles, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, que teve como um dos fundadores, Adão Pretto. “Este mesmo processo de democratização possibilitou o surgimento de inúmeros partidos, entre os quais o Partido dos Trabalhadores e o surgimento de muitas lutas, que garantiram políticas públicas e direitos fundamentais, “conquistas garantidas na Constituição Federal com muita luta e que hoje estão sendo questionadas e atacadas”.
Homenagens
O presidente Edegar Pretto fez referência especial à memória de Otília (sua mãe) e do pai Adão Pretto. Disse que seu pai, “em um mandato como deputado estadual constituinte e cinco como deputado federal, deixou um legado importante de ações e projetos, especialmente, em defesa do pequeno agricultor. Adão Pretto nos deixou um grande legado de bons exemplos, em especial o de que a luta não pode parar.” Edegar Pretto lembrou que “o destino cuidou de nos tornar presidente do Parlamento em 2017, 30 anos depois da posse do meu pai – neste mesmo plenário, como deputado estadual”. Antes de concluir o pronunciamento, o presidente Edegar Pretto recordou quem já passou pela Assembleia Legislativa. Destacou nomes como o de Getúlio Vargas, ex-Presidente do Brasil; Leonel Brizola, governador de dois Estados; Bento Gonçalves, líder da Revolução Farroupilha; Carlos da Silva Santos, sindicalista e primeiro negro a ocupar a presidência da Assembleia Legislativa do RS; Suely Gomes de Oliveira, professora e primeira mulher deputada na Assembleia Gaúcha, cumprindo seis mandatos, de 1951 a 1974.
Texto: Ascom AL