Os franceses foram os primeiros teóricos que se propuseram em estudar sobre a temática da psicologia do trabalho. Seu principal foco de estudo foi entender as causas e os efeitos da fadiga no contexto do trabalho. A partir daí partiram para seleção de trabalhadores mais bem capacitados para ocupação dos cargos. Assim, os testes psicológicos passaram a ser instrumentos mais utilizados nesse processo de escolha.
Por muito tempo a inserção do profissional de psicologia nas organizações pautou-se apenas na seleção de pessoal e recrutamento, com aplicação de testes psicológicos. A atividade consistia em selecionar pessoas adequadas que estariam aptas para o cargo. Porém esta atuação ganhou novas visões com o passar do tempo e novas demandas ampliando seu ramo. Avaliar também a formação do trabalhador, a orientação do trabalho, a melhoria do plano de carreira são espaços nas organizações que abriram portas para o psicólogo.
Entender o homem e sua relação com o trabalho, do ponto de vista da personalidade do trabalhador, sua capacidade de aprendizagem e a origem das diferenças individuais entre os trabalhadores, seu nível de conhecimento e competência e sua motivação para o trabalho podem ser tarefa do psicólogo.
O psicólogo também pode ser responsável por estudar o ambiente do trabalho e o que pode influenciar de modo positivo ou negativo no comportamento do trabalhador, como este lida com decisão e risco e sua postura frente às incertezas do cumprimento de metas. Esses estudos geram dados de grande importância que mostram a adaptação do homem ao trabalho e são relevantes para área de ergonomia.
Há abordagens do estudo do trabalho que se relacionam à saúde mental do trabalhador, que diferentemente das perspectivas tradicionais da psicologia, buscam entender o continente escondido da atividade do trabalhador. Nesse caso, embora a subjetividade seja algo voltado ao campo dos processos psíquicos, ela só pode ser apreendida/entendida através de questões concretas e materiais da existência humana. Nesta perspectiva os indivíduos são ativos no processo de transformação da sua própria identidade e sua experiência provém na vida material e os significados que dela surgem.
Sempre que a psicologia se entrelaça de forma mais profunda com o trabalho e se preocupa em entender a felicidade, motivação, expectativa e tudo que é pessoal torna-se impossível negar a importância de considerar as características individuais. É necessário pensar de que forma as exigências, condições e problemas concretos do trabalho se relacionam com o modo de ser de cada um. Fazer uma psicologia do trabalho para o sujeito é entender a constante interação entre a subjetividade e a objetividade: a relação que o sujeito estabelece com o que faz, levando em consideração toda a bagagem pessoal que se traz consigo e que não fica do lado de fora dos “portões da fábrica”.
Carol Sofia é Psicóloga e Especialista em Gestão e Docência de Ensino Superior.