Prejuízos em todas as culturas alcançam R$ 14,7 milhões. Falta de água obriga prefeitura a fazer abastecimento com caminhão pipa
Na propriedade de José Eduardo Bueno dos Santos, de Alta Forquetinha, as perdas na lavoura de tabaco chegam a 50% em função do calor e da falta de chuva.
“Além das plantas não se desenvolverem, o sol quente queima as folhas e isso reflete em uma cor escura, cujo valor de venda é menor na indústria. Também ficamos sem pasto para os animais. É uma situação muito triste e grandes perdas.”
Neste ciclo foram cultivados 20 mil pés. A expectativa era de colher mais de 200 arrobas. “Na safra passada conseguimos uma média de R$ 140 por arroba. Representa um prejuízo de R$ 14 mil. Será um ano difícil.”
“As folhas ficaram pequenas”
O casal Dionise Borges Andriolli e Marcio Daniel Machado cultivaram 18 mil pés de tabaco. As temperaturas e a falta de umidade no solo prejudicaram o desenvolvimento das plantas.
“As folhas estão miúdas e tivemos que colher ainda verde para não perder tudo. Agora, na hora da secagem ele fica preto, sem cor e isso com certeza fará o preço da arroba despencar. Dependemos disso e não sabemos como vamos quitar todas as dívidas aliada a esta perda na economia”, relatam.
Prevenir é a solução
O prefeito em exercício Maico Berghahn (PSB) está preocupado com a situação, pois muitas famílias amargam perdas irreversíveis em função da estiagem.
Cita que a administração trabalha na abertura de reservatórios, construção de novas redes de água e transporte de água diariamente. “Levamos mais de 100 mil litros. A maioria é para consumo dos animais onde as fontes e açudes secaram.”
Entende ser fundamental a transferência das dívidas dos produtores e políticas específicas para assegurar a armazenagem de água.
“Aqui desenvolvemos o projeto de construção de cisternas, proteção de fontes, ampliação das redes de água e perfuração de poços artesianos. Precisamos estar prevenidos quando a falta de chuva vier e assim minimizar o risco de ter que interromper a criação de aves, suínos, leite e tabaco, nossas principais fontes de renda.”
Prejuízo de R$ 14,7 milhões
Conforme levantamento da Emater e secretaria da Agricultura as culturas mais afetadas foram milho para grão e silagem, pastagens e consequentemente a produção leiteira, fumo, olericultura e citricultura.
“A falta de água nos momentos de desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das culturas, desencadeou a má formação das espigas, grãos e desenvolvimento vegetativo das mais variadas culturas, além de comprometer a estrutura da planta por completo (seca)”, destaca a extensionista da Emater/RS-Ascar Graziela Petry.
Outro problema é o excesso de calor que prejudica a avicultura, suinocultura e produção de ovos. “No último domingo registramos a morte de 6 mil frangos.” Em razão das perdas apuradas o município decretou situação de emergência na última segunda-feira, dia 17.
Números
Milho Grão – 80% – 300 hectares – 450 famílias atingidas – R$ 1.644.196,80
Milho silagem – 85% – 900 hectares – 450 famílias atingidas – R$ 5.385.600,00
Fumo – 30% – 170 produtores atingidos – R$ 1.498.500,00
Citros – 40% – 40 hectares – R$ 108.000,00
Pastagem e cobertura vegetal – 70% – R$ 210.000,00
Leite – 50% – R$ 5.270.000,00
Hortaliças – 90% – 4 hectares – 23 famílias – R$ 614.522,70
Total – R$ 14.730.818,00
Fotos Giovane Weber/FW Comunicação
Assessoria de Imprensa Canudos do Vale