“A água, afinal de contas, é um recurso natural necessário para praticamente todas as atividades realizadas no meio rural, da dessedentação dos animais à irrigação da lavoura”, lembra o extensionista da Emater/RS-Ascar, Arthur Eggers. No caso de Anélio, a nascente protegida supre a necessidade das 38 vacas em lactação – que juntas produzem mais de 600 litros de leite por dia -, além dos outros animais da propriedade. “E a disponibilidade de uma água que, agora, é ofertada com reduzido risco de contaminação por partículas de solo ou matéria orgânica reduz o risco de doenças” explica o extensionista.
A propósito disso, foram os casos de leptospirose animal que fizeram o agricultor procurar o serviço de extensão rural. “Antes o rebanho consumia a água bombeada diretamente do açude, não havia local que não tivesse barro ou sujeira”, afirma o bovinocultor. Nesse sentido a instalação de um sistema de alvenaria que protege a nascente não apenas faz com que o manancial se mantenha limpo, dando também segurança para os períodos de estiagem. “Não é demais lembrar que, somente para matar a sede dos animais, são mais de cinco mil litros de água por dia”, recorda Noll.
Eggers reforça que a produção de leite com qualidade passar por diversos aspectos a serem observados pelo bovinocultor – da dieta equilibrada, passando pela criação correta da terneira, até chegar à genética, entre outros. No caso da oferta de água de qualidade, ela está diretamente relacionada à higiene em todos os processos que vão das instalações até o manejo da ordenha. “E todas essas questões fazem com que a contagem total de células bacterianas e somáticas reduza, o que possibilita, inclusive um maior ganho de produtividade e financeiro para o agricultor”, avalia o extensionista.
Hoje, Noll recebe mais de R$ 2 por litro de leite produzido – valor que tem sido “incrementado” a cada ação que visa a qualificar a sua produção. A instalação recente de um sistema de compost barn também tornou o ambiente de convivência do rebanho mais higiênico, o que reduziu bastante a incidência de doenças como a mastite. “Na produção de leite, a água de qualidade faz com que o animal não gaste energia para ‘corrigir’ o sistema, a partir de contaminações que possam surgir”, salienta Eggers. “E tudo feito de forma sustentável”, completa.
No combo de benefícios que possibilitam ao agricultor o acesso ao trabalho de proteção de nascentes está uma série de políticas públicas – que vão desde uma Lei Municipal da Prefeitura para ações do tipo, até chegar ao acesso ao crédito rural via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A própria extensão rural, com seus cursos, capacitações, seminários e outras atividades coletivas e individuais é uma política do Governo do Estado vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).
Somente em 2019 foram realizadas 88 ações para proteção de nascentes e olhos d’água, atendendo 78 famílias de agricultores de 14 municípios dos vales do Caí e Taquari. Já em 2020, foram executados mais de 100 projetos em 25 municípios, mesmo em um contexto de pandemia. “Nesse trabalho, o que se busca é a integração do homem com o meio ambiente, a partir de uma construção que busca a harmonia entre a manutenção da natureza e o desenvolvimento econômico e social”, pondera o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar Marcos Schäfer.
O extensionista reforça o fato de que a implantação do sistema, já na origem, deve contar com o acompanhamento técnico da Emater/RS-Ascar. “No local da nascente, após a limpeza do local de afloramento da água, é construída uma estrutura física que pode ser de alvenaria, visando o menor dano possível à vegetação, sem alterar a vazão da nascente”, explica Schäfer. E tudo realizado a partir de critérios técnicos e padronizados, de acordo com o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema).
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional de Lajeado
Jornalista Tiago Bald