Apesar das experiências terem características próprias e distintas, todos os jovens destacaram a importância do diálogo com a família e do gosto por aquilo que fazem como alguns dos caminhos para a consolidação do processo sucessório. “Muitas vezes ainda há a visão do jovem como alguém que vai ‘ajudar’ no trabalho na casa dos pais e, mais do que nunca, o jovem necessita se sentir pertencente às decisões relativas à propriedade”, salientou o agricultor Maiquel Zimmer, de São Vendelino.
Zimmer foi quem abriu as apresentações, fazendo um breve relato sobre o trabalho de criação de aves – no caso, perus -, ao lado dos pais, no município do Vale do Caí. “Quando novo, tive muitas dúvidas, cheguei a sair de casa pra trabalhar numa indústria moveleira, mas sempre tomado por um universo de incertezas”, revelou o jovem, que concilia o trabalho na agricultura com os estudos na faculdade de Engenharia Civil. Na visão dele, é um processo que muitas famílias viverão e que colocará frente a frente uma visão mais antiga (dos pais) com outra mais moderna (dos jovens). “E o caminho para solucionar isso é a conversa”, avalia.
A adesão a um segundo projeto produtivo – no caso o cultivo de limas ácidas da variedade tahiti -, também foi determinante para que o jovem retornasse a propriedade e realizasse outros investimentos, como a adoção de um sistema de captação de energia solar fotovoltaica e outro para captação de água, que representaram uma grande economia para a família. “E aqui, entra outro ponto importante que é a valorização dos jovens rurais também por meio do acesso a políticas públicas e ao próprio serviço de extensão rural”, salienta o segundo jovem a apresentar sua experiência, no caso o agricultor de Pouso Novo, Giovane da Silva.
Silva produz ovos coloniais junto com a família da namorada e dos sogros, que são comercializados também por meio de mercados institucionais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Para a formalização da Agroindústria Familiar de Ovos Coloniais Ferrari, contou com o suporte da Emater/RS-Ascar em todas as etapas para a consolidação do empreendimento, que hoje pode escoar a produção para todo o Estado, já que Pouso Novo aderiu ao Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf).
O apoio da família e de políticas públicas também foi o que moveu a jovem Andressa Peter dos Santos, de Estrela, a investir na propriedade. Ela apresentou a terceira experiência do dia, sobre o Sítio Agroecológico Sorriso, que produz hortaliças, frutas, temperos e outras plantas, tudo com base na agroecologia e sem o uso de qualquer tipo de agrotóxico. “E isso se tornou uma filosofia de vida para a nossa família, especialmente depois de minha mãe ter ficado doente e ter conseguido dar a volta por cima”, emocionou-se a jovem, que comercializa mais de cinquenta variedades de produtos com o apoio do Organismo de Controle Social (OCS) Estrela.
A última experiência do dia reforçou a importância também da aquisição de conhecimentos como um caminho para um rural forte, com o jovem Tiago Flach, de Poço das Antas – um dos responsáveis pela agroindústria Cachaçaria Wille -, salientando a importância que teve o período em que estudou em Caxias do Sul. “Na realidade é um somatório de coisas que motiva o jovem a voltar, que pode ser desde o apreço pela vida no campo, sua simplicidade e proximidade com a família, até chegar à oportunidade de acesso a políticas públicas, linhas de crédito e serviço de extensão rural num contexto mais ‘macro’”, observa a extensionista da Emater/RS-Ascar, Elizangela Teixeira, uma das organizadoras da atividade.
O evento contou ainda com a participação de autoridades, como o presidente da Emater/RS Geraldo Sandri – que deu sua palavra de incentivo aos jovens, colocando a Instituição a sua disposição -, o chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Erli Teixeira e a coordenadora estadual da Juventude Rural da Fetag/RS Jaciara Müller, além do coordenador do Centro de Treinamento de Agricultores (Certa) de Teutônia, Maicon Berwanger, que aproveitou a oportunidade para divulgar os cursos oferecidos pelo centro. Representantes de entidades, de educandários, de prefeituras e alunos também acompanharam a live.
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional de Lajeado
Jornalista Tiago Bald