

A pandemia da Covid-19 é uma crise sanitária mundial e certamente uma crise desse porte força todos a adotarem algumas mudanças, especialmente quanto ao hábito alimentar. Os hábitos alimentares das famílias incluem a dinâmica de compras, como por exemplo, o quê, quando e onde comprar, assim como com quem comer, onde comer e todas as questões relacionadas ao acesso e a distribuição de alimentos.
Dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo mostram que no início da pandemia do novo Coronavírus, as pessoas estavam preocupadas em estocar alimentos e com o passar do tempo o foco dos consumidores passou a ser a qualidade dos alimentos. Isso por que no início da pandemia, o medo de faltar alimento na mesa fez com que 46% da população aumentassem a quantidade de alimentos comprados. Hoje, o consumo voltou ao normal. Mas o que se observa é que o número de consumidores buscando alimentos naturais na internet cresceu em até 79%.
Comer bem, de forma saudável têm se mostrado um hábito fundamental, principalmente agora que dependemos ainda mais da nossa saúde para enfrentar a Covid-19, e com isso a preocupação com a saúde se intensificou e algumas famílias começaram prestar mais atenção à origem dos alimentos, bem como nos benefícios dos mesmos para o organismo.
Essa mudança, no geral, refletiu na busca por feiras de produtores e agricultores locais, na busca por alimentos mais naturais, mais saudáveis, que podem fortalecer o sistema imunológico, como frutas, legumes, verduras, grãos, raízes e proteínas, como carnes e ovos. Em contrapartida, observa-se uma queda no consumo de alimentos processados e ultraprocessados, os famosos industrializados. Buscas na internet sobre como fazer uma horta em casa e como cozinhar de forma saudável aumentaram muito com o início da pandemia.
Comprar de comerciantes, agricultores e restaurantes próximos e pequenos, que dependem ainda mais do apoio financeiro local, é uma forma de minimizar o impacto dessa pandemia. O que se observa também é que todos os comércios, especialmente o de alimentos, tiveram que se adaptar rapidamente as novas necessidades de vendas, que exigiram vendas online e entrega em casa. E esse pode ser um hábito que vai continuar em grandes e pequenas cidades, devido à facilidade para o consumidor.
Tanto os agricultores quanto os consumidores saem ganhando já que além da economia local se movimentar, a cadeia produtiva fica mais curta e os custos de logística diminuem. Isto sem falar que essa forma de vendas aproxima produtores de consumidores, valoriza ambos e cria um atendimento mais atencioso e personalizado.
Cozinhar em casa, comer menos industrializados, comprar comida pronta saudável, produtos orgânicos e agroecológicos, de produtores locais, são hábitos que podemos adotar em nossas rotinas para além da pandemia. Afinal, apesar de a crise atual ser ruim ela pode ter nos levado a (re)pensar nossas rotinas e valorizar nossa qualidade de vida. Pense no seu hábito alimentar como um modo de afeto a você e sua família, e a todos os agricultores da sua cidade. Afinal se o campo não planta, a cidade não almoça e nem janta.
Tatiane Turatti: Extensionista Social – Nutricionista
Escritório Municipal da Emater/RS – ASCAR Encantado