Alunos da EJA e de turma do 5º ano de escola do interior de Estrela se conhecem pessoalmente após troca de cartas
Um dos momentos mais aguardados nas últimas semanas por duas distintas turmas de alunos estrelenses teve seu ápice na sexta-feira (18). Este ocorreu com a abertura de cortinas. De um lado estavam integrantes do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), que no momento reúne pessoas entre 16 e 74 anos. Do outro, alunos do 5º ano da EMEF Arnaldo José Diel, localizada na Linha Lenz, interior de Estrela, com média de dez anos. Os dois grupos foram correspondentes testemunhas, um dos outros, através de relatos do projeto “Minha Vida em uma Carta”. Após trocarem histórias de vida por meio cartas, com o descerramento do pano ficaram frente a frente pela primeira vez. Não faltaram lágrimas. Planos de eternizarem as amizades foram feitos e alguns já se reencontrarão neste final de semana.
A revelação dos correspondentes e o primeiro encontro, ansiado há semanas, ocorreu junto da Feira do Conhecimento da Arnaldo José Diel, quando a comunidade escolar local teve a oportunidade de interagir com os alunos sobre os trabalhos desenvolvidos com eles ao longo do ano letivo. A turma da EJA foi uma das visitantes. A expectativa era grande em uma das salas da escola. Havia sido assim quando os jovens receberam as primeiras cartas. Na ocasião, muitas vieram com surpresas (https://estrela.atende.net/#!/tipo/noticia/valor/5631). Mas as principais surpresas, desta vez, estavam presentes pessoalmente.
Histórias
Bruna Baierler Alves (11), que junto da sua carta ganhou chaveiros de patchwork, era uma das mais nervosas. Queria descobrir como a sua amiga correspondente, Paula Nadiele Haunstein (24), confeccionava aquelas lindas lembranças. Não foi a única a receber presentes. Giovana Sulzbach Berwanger (10) ganhou de Ceni de Rezende Ramos (36) uma lembrança em crochê. “Eu é que ganhei o presente, um gostoso abraço, uma nova amiga”, anunciou a mulher, às lágrimas, logo após conhecer a menina. Já a jovem Giovana reconheceu. “Quando pequena a Geni gostava de muitas coisas que eu gosto hoje. Somos parecidas”. Mickael Ayres (11), através dos relatos enviados por Lucas Freire Siqueira (19), descobriu um gosto em comum: o apreço pelos cavalos. Agora, pessoalmente, percebeu que as semelhanças entre ambos eram ainda maiores. Mas não teve jeito. Os cavalos pautaram a conversa. Tanto que Lucas convidou o menino para cavalgarem juntos neste sábado (26). O planejado posterior encontro não foi o único combinado na noite de descobertas. Lauana Maciel Ferreira Palamar (11) convidou Lurdes Werner (58) para um momento especial neste domingo (27): a sua Primeira Comunhão.
Não foram apenas alunos que tiveram gratas experiências. A professora Caroline Sulzbach (38), uma das idealizadoras do projeto, também trocou cartas como uma das alunas, Sofia Sulzbach Altenhofen (11). Nas linhas, uma descoberta: um parentesco, que havia se perdido ao longo dos anos. “Estudei nessa escola por 9 anos. Meus três irmãos e pai também. Impossível não se emocionar ao trocar cartas com a filha de uma prima minha, que estuda lá”, confessa.
Antes da hora
Uma das revelações mais aguardadas por todos não ocorreu. Ou melhor, aconteceu de maneira prévia. A ansiedade da estudante Eduarda Bairros Alves (10) em conhecer dona Jaudete Gomes Soares (72) era tamanha que a menina realizou uma visita surpresa à senhora antes do planejado. Dias atrás a visitou no Bairro das Indústrias. Dona Jaudete, que voltou às salas de aula este ano, revela. “Fiquei muito feliz. Foi uma surpresa. Quero, assim como fiz com a Eduarda, trocar cartas com meu filho e minha neta, que moram no Rio de Janeiro”, revelou ela, no reencontro com a menina. “É mais fácil para mim do que internet, estas coisas. Também mais gostoso, fica para sempre”, frisa a senhora que, nos próximos dias, irá visitar os parentes no Rio de Janeiro. Na bagagem, as cartas e uma foto da nova amiga têm lugar garantido.
“Minha Vida em uma Carta”
O projeto é uma iniciativa das educadoras Gisele Barbosa e Caroline Sulzbach. Segundo as idealizadoras, o projeto tem vários propósitos sociais e pedagógicos, entre os quais, com o resgaste de uma tradição, fazer com que pessoas conheçam outras realidades sociais e também estimular a escrita, o que de certa forma é pouco praticada hoje em dia com a utilização das mídias sociais. A escolha das cartas foi planejada visto que, com este meio, há uma preocupação maior com verbos e pontuações, uso de palavras não abreviadas. O fato de não se conhecer o correspondente seria um estímulo à prática e um motivador na escolha do que se vai relatar.
Texto: Rodrigo Angeli
Assessoria de Imprensa Prefeitura de Estrela