

Encerrando o ciclo proposto no inicio do ano, trago um artigo falando sobre a fisiologia da produção do leite no úbere, que explica em uma estrutura ampla a sequência da produção de leite na vaca.
Síntese do leite
A boca, o rúmen, o abomaso e os intestinos da vaca são importantes na digestão e absorção dos alimentos ingeridos por ela. O processamento inicia-se na boca, pela mastigação e pelas enzimas. O material mastigado passa ao rúmen, onde é misturado a um líquido que contém vários tipos de microrganismos, sobressaindo aqui as bactérias e os protozoários responsáveis pela fermentação contínua do alimento ingerido.
Os produtos resultantes do metabolismo fermentativo, tais como aminoácidos, carboidratos e gorduras, são absorvidos no trato gastrointestinal. Após serem absorvidos, esses nutrientes são transportados pela corrente sangüínea até a glândula mamária, onde servem de base à síntese do leite.
Para que se produza um litro de leite, é necessária a passagem de 300 a 500 litros de sangue pelo úbere. Diante de todos esses processos, pode-se caracterizar o leite como uma mistura complexa e nutritiva, composta por água, açúcares, gordura, proteínas, lactose, minerais e vitaminas.
Glândula mamária (Úbere)
Ejeção do leite
Recebe o nome de ejeção ou descida do leite a resposta ao estímulo da mamada do bezerro ou massageamento manual dos tetos ou com equipamento mecânico (ordenhadeira). Trata-se de um reflexo inato, isto é, uma resposta involuntária, inerente ao animal. Esses estímulos são importantes porque eles produzem pulsos nervosos que chegam ao cérebro e ordenam a liberação de uma substância (hormônio) chamada ocitocina. Da estimulação pelo tato (táctil) até o aumento da pressão intramamária transcorrem 30 a 60 segundos. Esta ação hormonal tem uma curta duração, de 5 a 7 minutos, daí a importância de colocar as teteiras o mais rápido possível após ter ocorrido o estímulo, caso contrário o efeito hormonal desaparece, deixando leite residual.
Manejo das vacas na ordenha
O manejo correto das vacas é essencial para a eficiência do tempo de ordenha. As vacas podem liberar o hormônio adrenalina 30 minutos antes da ordenha, interferindo negativamente na descida do leite, e estender o tempo de ordenha. Ao contrário, quando são bem tratadas, entram tranqüilas e de forma rápida no local.
Resultados de pesquisa demonstram redução de 10% da produção de leite quando as vacas sofrem maus-tratos, e mostram um aumento de 5,5% na produção de leite durante o período de lactação, quando se pratica uma rotina padronizada em comparação às práticas variadas.
Ordenha
A ordenha de vacas significa tirar o leite, ou seja, é o lucro da atividade leiteira. Esse ato deve ser feito sem paradas, com os tetos limpos e secos em um ambiente asseado, tranqüilo, sem umidade e longe de outros animais. Para se ordenhar completamente uma vaca, é necessário estimulá-la, para evitar que o leite fique retido no úbere (leite residual), o que é feito normalmente pelas crias; no entanto, para segurança do produto como fonte de alimento humano, o estímulo deve ser feito pelo ordenhador ao lavar, secar e descartar os primeiros jatos do teto (jatos contaminados por microrganismos).
Conclusões
Os assuntos são amplos e nessa oportunidade são abordados apenas os aspectos básicos. Em qualquer tipo de ordenha manual ou mecânica, a capacitação do pessoal envolvido é prioritária. Na tomada de decisão de mecanizar ou não, ou de escolher o modelo de equipamento para determinado estabelecimento, deverá sempre prevalecer o argumento econômico (relação custo/benefício).
De nada adianta adquirir um sofisticado equipamento, se o fator limitante for a capacitação da mão-de-obra, tanto no que se refere ao uso e manutenção do equipamento, quanto na obediência aos preceitos da higiene na ordenha e adoção de medidas preventivas para o controle de mastite ( doença infecciosa causada por bactérias no úbera da vaca). As práticas de higiene aplicadas à ordenha, armazenamento e transporte de leite resultam na redução da contaminação de bactérias no leite, tornando o mesmo mais limpo e as instalações utilizadas pelos animais devem ser mantidas em condições higiênicas para evitar a contaminação.
Contudo, a produção de leite é relacionada ao estado fisiológico da vaca correspondendo diretamente na quantidade e qualidade do produto a ser coletado.
Fonte: Embrapa