Em sua 11ª edição, o Encontro Regional de Avaliação de Vinhos Coloniais já está se tornando uma tradição da região alta do Vale do Taquari. A edição desse ano foi realizada nesta sexta-feira (27/09), no salão comunitário de Linha Maracanã, em Roca Sales. Na ocasião houve palestra sobre “Legalização de Cantinas”, ministrada pelo assistente técnico regional em Organização Econômica da Emater/RS-Ascar, Alano Tonin, relatos de experiências com donos de cantinas e retorno da avaliação envolvendo as mais de 90 amostras de vinho colonial, inscritas por mais de 50 produtores de 17 municípios do Vale do Taquari e Serra Gaúcha.
O assistente técnico regional em Viticultura da Emater/RS-Ascar, Derli Bonine, salienta que o objetivo de cada encontro é o de valorizar a cultura da elaboração do vinho colonial, com vistas a aprimorar os processos de produção artesanal da bebida. “Nesse sentido, a competição é muito mais simbólica, já que a intenção maior é a de dar um retorno para os produtores a respeito do que pensa o público sobre seus vinhos, estimulando-os para que possam se aprimorar, ofertando uma bebida com ainda mais qualidade”, salienta.
Outro ponto importante que tem sido trabalhado com os viticultores envolve os caminhos para a consolidação de cantinas. Durante a palestra, os produtores souberam mais a respeito das etapas para a formalização dos empreendimentos, com a possibilidade de comercialização de vinhos diretamente para o consumidor via talão do produtor e, portanto, com menor carga tributária. “Nesse sentido, é possível afirmar que, com a Lei do Vinho Colonial de 2014, houve muitos avanços em termos de legislação nos últimos anos, especialmente para as cantinas menores, que tenham produção máxima de 20 mil litros de vinhos ao ano”, enfatizou Tonin.
Em sua fala, também explicou que todo o encaminhamento de documentação que formalizará as cantinas nas esferas tributária, sanitária e ambiental pode ser feita por meio do Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf) da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR). É este o caso da Vinícola Simonaggio, de Dois Lajeados, uma das experiências apresentadas durante o Encontro. Formalizada em 2014, ainda que a produção tenha começado em 2010, no porão da propriedade da família, a cantina engarrafa 40 mil litros da bebida ao ano, de uvas Niágara, Lorena, Isabel, Isabel com Bordô e Merlot.
As outras experiências apresentadas foram da Vinícola Paniz, de Doutor Ricardo e da recém-construída cantina do agricultor Paulo Valdameri, de Putinga. Em todas elas, a valorização do trabalho da Emater/RS-Ascar para desburocratizar as etapas para a formalização de cada empreendimento. Nesse sentido, Bonine acredita que a atividade possa crescer na região. “Assim, precisamos ampliar o mercado para além da venda para amigos, conhecidos ou parentes, o que passa diretamente pelo aumento do número de cantinas formalizadas, que poderão agregar renda, valorizando o turismo e a cultura de nossa região”, avalia.
Mostra competitiva premia vencedores
Para a competição simbólica que escolheria os melhores vinhos, as amostras foram divididas em quatro grupos, sendo eles o de tintos e rosês de uvas americanas e hídridas, como Bordô e Isabel, de brancos e rosês de uvas americanas e híbridas como Niágara Branca e Lorena, de tintos e rosês de uvas viníferas como Cabernet Sauvignon e Tannat e de brancos e rosês de uvas viníferas como Riesling e Chardonay. Previamente, uma equipe analisou cada amostra nas categorias visual, de olfato e de gosto, tomando por base critérios, como, limpidez, intensidade e persistência, com os três primeiros de cada categoria recebendo distinção.
Segundo colocado na mostra de uvas americanas, com um tinto feito de uva bordô Heitor Martini valorizou a atividade, pela oportunidade de trocar experiências e também de celebrar a bebida. Produzindo vinho apenas para o consumo da família e amigos, Martini cresceu assistindo o pai produzindo a bebida na cantina da família, em Nova Bréscia. “Foi assim que comecei a pegar o gosto”, explica o aposentado, que produz uma média anual de dois mil litros da bebida e que pensa em desenvolver a atividade mais para frente. “Já participei, inclusive, de cursos na área”, ressalta.
Em 2020, o encontro será em Vespasiano Corrêa em data e local a serem definidos pela organização. Promovido pela Prefeitura de Roca Sales e pela Emater/RS-Ascar – com a participação dos extensionistas Guilherme Miritz e Deoclesio Piccoli -, o Encontro teve o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e da comunidade de Linha Maracanã. O patrocínio foi da cooperativa Sicredi, com colaboração de Arenas Bar e Agropecuária Sangalli.
Americanas tintos
- 1º amostra 16 –Bordô – Onecir Bonotto de Santa Tereza
- 2º amostra 38 – Bordô – Heitor Pedro Martini – Lajeado
- 3º amostra 64 – Isabel 80% + Bordô 20% = Leoniz Simonagio – Dois Lajeados
Americanas brancos
- 1º amostra 21 – Lorena – Silvio Grandi de Roca Sales
- 2º amostra 65 – Niágara – Leoniz Simonagio – Dois Lajeados
- 3º amostra 90 – Lorena – Nestor Pompemayer – Arvorezinha
Viníferas tintos
- 1º amostra 68 – Cabernet Sauvignhon – Neuri Paniz de Doutor Ricardo
- 2º amostra 13 – Tannat – Francisco Fávero de Santa Tereza
- 3º amostra 42 – Merlot – Nelcir José Zambiasi – Lajeado
Viníferas brancos
- 1º amostra 91 – Malvasia – André De Maman – Nova Bréscia
- 2º amostra 41 – Chardonnay – Nelcir José Zambiasi – Lajeado
- 3º amostra 59 – Chardonnay – Pedro Picinini – Encantado
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional Lajeado
Jornalista Tiago Bald