“Pelo padrão histórico, eu poderia dizer que Haddad e Bolsonaro já estão no segundo turno”. Com essa afirmação, o economista e gerente da assessoria parlamentar da Fecomércio-RS pautou a palestra “Cenário Político e Econômico” durante reunião-almoço realizada em parceria pela Cacis de Estrela e Sindilojas VT, no Estrela Palace Hotel. Descrevendo o cenário que levou os dois candidatos ao topo das pesquisas, ele falou sobre as tendências para o segundo turno e as perspectivas para a gestão do novo presidente, citando também os desafios do governador do Rio Grande do Sul.
O economista especificou que esta eleição será marcada pela oposição a tudo o que se observa na política atual e retratou que, nesse leque de candidatos, as pesquisas mais recentes do Ibope e Data Folha apontam como favoritos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Para Schifino, a probabilidade de os dois se enfrentarem no 2º turno é grande, visto que, desde 1989, apenas em 2014 o candidato que tinha mais de 20% das intenções de voto há um mês das eleições não passou para a próxima fase, percentual já alcançado pelos líderes. De acordo com ele, a ascensão de Bolsonaro está relacionada ao histórico de crise e corrupção do país: “Isso faz uma parte grande dos eleitores rejeitarem tudo que está associado aos últimos governos”. Assim, o candidato é visto como uma alternativa para mudança. Da mesma forma, Haddad é beneficiado pela herança do capital político conquistado por Lula, o qual está fortemente associado ao crescimento da economia e da renda durante seus dois mandatos.
Com essa perspectiva de segundo turno, o cenário nacional é de incertezas: “Ninguém sabe o que vai acontecer com o país”. Schifino comentou que ainda há dúvidas se a atuação do eleito seguirá suas convicções pessoais ou o plano político dos partidos. Além disso, seus projetos precisam passar pela Câmara dos Deputados, a qual deve manter o índice médio de renovação em 35% e provavelmente será muito parecida com a atual composição. Diante disso, as aprovações dos textos encaminhados poderão esbarrar na resistência dos deputados e exigirão esforços para os já tradicionais acordos. “Os deputados não fazem reformas por ideologia. Eles fazem por negociação política”, advertiu o economista. Na sua avaliação, uma coisa é certa: o novo presidente será eleito com 55% dos votos, mas carregará consigo 40% de rejeição da população.
Independentemente de quem seja o vencedor, Schifino alertou que a situação nacional é a mais preocupante, pois envolve o desenvolvimento de políticas que impactam na renda das pessoas. Assim, serão necessárias uma série de reformas que vão efetivamente refletir na produtividade da economia. Entre elas, a previdenciária, que será extremamente essencial para cobrir o rombo que hoje é insustentável para o governo federal. Ele projetou: “Todos sobreviveram à crise econômica. Isso mostra como na verdade o setor empresarial acaba achando as suas saídas. Vamos cruzar os dedos e torcer para dar tudo certo, para que em 2019 ou 2020 eu possa voltar aqui e dizer para vocês: dentro de toda aquela incerteza que a gente tinha, no fim conseguimos achar um caminho”.
Governo do Estado
Quanto ao governo do Rio Grande do Sul, Schifino destacou que o principal obstáculo para a receita estadual está no déficit previdenciário e que a tarefa do gestor não é fácil: “Ele tem que oferecer serviços públicos para 100% da população com 65% da tributação”. Como as reformas de impacto mais imediato não são de âmbito estadual, é fundamental que ocorram mudanças nas regras nacionais. Ao novo governador, caberá aumentar a eficiência dos serviços públicos, tendo consciência de que seu trabalho enfrentará resistências e desgastes. “O governador precisará de muita criatividade, ajuda e inovação”, concluiu.
Texto: Ascom Sindilojas VT