O Setembro Amarelo, campanha de conscientização e prevenção ao suicídio, será o mote inicial para atividades que serão realizadas por equipes multidisciplinares do Hospital Bruno Born, de Lajeado. A ideia será difundir informações sobre o assunto com o objetivo de desmistificar o tema e criar mecanismos de detecção de potenciais casos.
Entre as principais ações está a capacitação de multiplicadores, pessoas que irão falar sobre suicídio em seus meios e durante o ano ter encontros para tirar dúvidas e trocar experiências. O objetivo das reuniões será definir formas de alcançar o maior número de pessoas, fazendo com que estas também envolvam-se em seu meio e tratem do assunto em outros grupos.
O médico Bruno Lo Iacono Borba, especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência, é coordenador da Psiquiatria e da residência médica da área dentro do Hospital Bruno Born. Segundo ele, o HBB está programando uma série de ações que iniciarão em setembro, mas que terão continuidade durante todo ano. “Trabalharemos em conjunto com a comunidade religiosa, grupos de serviços, escolas, comunidade em geral”, informa. Os detalhes ainda estão sendo definidos.
Nesta entrevista ele fala sobre o tema e sobre de que forma a comunidade pode contribuir para a redução de casos.
“As pessoas pedem ajuda em algum momento”
– O Setembro Amarelo visa à conscientização sobre os suicídios. Há como prevenir casos assim de forma efetiva?
Sim, a melhor forma de prevenirmos o suicídio é falar sobre o problema, educar a comunidade – e não só os profissionais em saúde mental. É fundamental as pessoas perderem o medo de discutir sobre isso, de achar que, ao falar em suicídio pode “estar dando dica”. Outro tabu é falar que “quem diz que vai se matar, não se mata”: as pessoas dão dicas do seu sofrimento e da sua intenção; pedem ajuda em algum momento. O nosso instinto é de vida, e não de morte. Se você perceber que algo não está bem, converse com a pessoa, demonstre empatia pelo sofrimento dela. Cerca de 90% dos suicídios poderiam ter sido evitados assim.
– Quais são as principais características de quem pensa em cometer suicídio?
A pessoa que tem pensamento suicida está passando por problemas externos, que geram uma intensa pressão sobre ela e também alguns sentimentos (como de culpa, medo, ansiedade, insegurança, remorso, humilhação e, talvez o principal deles, solidão). Ela tem medo de estar sozinha no mundo, e, por toda a exaustão que tudo isso causa, o suicídio é encarado como uma maneira de acabar com os problemas de uma forma imediata.
– O número de casos está aumentando?
Sim, há um aumento nos números de casos e tentativas de suicídio, infelizmente. No mundo morre uma pessoa a cada 40 segundos por suicídio. Em vários países já é a segunda principal causa de morte em pessoas com idade entre dez e 24 anos. É um dos problemas de saúde pública que mesmo já sendo bem conhecido, com métodos eficazes de prevenção e tratamento, ainda apresenta índices ascendentes.
Texto: Ascom HBB