Quando uma família rural produz um alimento, seja ele de origem animal ou vegetal, e o utiliza para consumo próprio definimos como “produção de autoconsumo”, ou como é popularmente conhecido em nossa região: “plantar para o gasto”.
Segundo o IBGE as últimas décadas foram marcadas por um período de intensas transformações técnico-produtivas no meio rural brasileiro. O trabalho das famílias passou a ser organizado cada vez mais em função do aumento da capacidade de geração de valores de troca, sobretudo baseado em produtos que possibilitam maior retorno financeiro.
Ao mesmo tempo recursos e tarefas que anteriormente eram desenvolvidos na unidade produtiva de forma totalmente autônoma e historicamente garantida passaram para o domínio de mercados externos. As famílias acabaram reduzindo a produção ou deixando de produzir o próprio alimento e passaram a comprar e com isso perdendo muito da cultura e da autonomia alimentar.
O cultivo de uma gama variada de alimentos produzidos na propriedade leva as famílias a uma maior disponibilidade dos mesmos, com maior qualidade, disponíveis na época ideal, sem depender da oferta externa. Quando se produz um feijão vermelho ou branco, um tipo de alho, batata doce, cebola, ou ainda, qualquer outro alimento diferente daquele que é ofertado nos mercados locais às famílias saem ganhando em qualidade. Já que muito da qualidade da alimentação está associada à variedade de cor, textura e espécies.
A produção para autoconsumo traz também uma tendência de perpetuar espécies de alimentos que os pais ou avós escolheram, selecionaram e cultivaram por anos, isso significa respeitar uma cultura. Ao conhecer e respeitar a cultura alimentar dos nossos antepassados se constrói qualidade de vida. Daí também a importância de conhecer a origem do alimento, que estando próximo das famílias não perde nutrientes durante o transporte e dá a segurança da ausência de contaminantes como os agrotóxicos.
Outra vantagem é a relacionada ao custo, que é bem menor quando o alimento é produzido dentro da propriedade do que quando é comprado. Por tudo isso é de extrema importância que as famílias rurais retomem a “produção para o gasto”, gerando melhoria da qualidade de vida e soberania alimentar.
Fontes:
1. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20032008000200008
2. http://w3.ufsm.br/ppgexr/images/dissertacoes/Dissertacao_Andreia_Furtado_da_Fontoura
3. http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/130328_relatorio_producao_autoconsumo
Tatiane Turatti
Extensionista Social – Nutricionista
Escritório Municipal da Emater/RS – ASCAR Encantado