No dia 30 de março, Sexta-Feira Santa, às 20h, na Praça Central de Muçum, ocorre a 18ª edição da Paixão de Cristo. Em torno de 80 atores e 20 pessoas que trabalham nos bastidores do evento devem atrair e emocionar um grande público vindo de diversas partes do Estado. Oito mil pessoas são esperadas. A entrada é gratuita.
A apresentação quer fortalecer a fé e mostrar o potencial turístico-religioso do município. Conforme Ranieri Moriggi, que está coordenando o espetáculo há 18 anos, a encenação é apenas um instrumento para alavancar o turismo, além de propiciar para todos os espectadores um momento de reflexão e preparação para a Páscoa.
“Ensaiamos desde o dia 18 de fevereiro, mas a montagem do espetáculo iniciou ainda na metade do ano passado. Os ensaios ocorrem aos domingos, a partir das 18h, na praça onde será encenada. A história é a mesma. Não podemos mudar o roteiro final (morte e ressurreição), até porque fugiria daquilo que acreditamos como cristãos. Mas buscamos encenar de uma forma dinâmica. O diferencial é que o nosso espetáculo não é narrado, mas sim, é um grande teatro ao ar livre. Uma cena liga à outra, o que torna tudo muito rápido dinâmico, emocionante. Outro diferencial é a interpretação dos personagens. Muitos se transformam, encarnam àqueles que estão interpretando. A nossa encenação leva os espectadores a voltarem no tempo de Jesus. Desde o figurino, até a cenografia que foi toda reformulada no ano passado e melhorado neste ano”, comenta o diretor Moriggi.
O diretor ainda acrescenta que em Muçum, o espetáculo é realizado há mais de 40 anos. Começou com as irmãs Scalabrinianas, depois passou para os casais do Cursilho e desde 2002, os jovens daquela época, encabeçaram a ideia. “Tudo iniciou de uma vontade de cinco jovens: eu, Virginia Furlanetto, Anelise Torriani, Mariluz Frozza, Renan Nardin. Tomei a frente e fui pedir ao padre da época, José Grilli, se poderíamos fazer uma encenação na semana santa, já que o espetáculo não havia sido realizado no anterior. Ele aceitou de imediato e aí começamos a organizar as coisas. A comunidade apoiou. O pessoal que já fazia, como as irmãs e o cursilho entrou junto. Eram pouco mais de 20 pessoas em 2002 e um público de 400 pessoas que estavam no ginásio de esportes”, relembra.
A senhora Dolores dos Santos participa da encenação desde a época do Cursilho. Hoje ela é responsável pelos figurinos. “Iniciei como personagem do povo, as mulheres de Jerusalém. Fiz Salomé e Maria Madalena. Em 2014, passei para a equipe de apoio nos bastidores. Agora faço parte da diretoria da AMA, Associação Muçunense de Arte, que realiza o espetáculo da Paixão de Cristo. Cuido da costura e montagem dos figurinos. Nossa equipe é muito unida, tudo o que for preciso a gente faz juntos”. Ela ainda ressalta seu amor pela área. “Sou apaixonada por arte e teatro. A experiência proporciona um rito forte de espiritualidade pessoal. É uma entrega muito grande, que ajuda a formar a fé”.
A mesma emoção é sentida pelo jovem Renan Nardin. “Eu fico muito feliz em poder participar e ajudar a contar a maior história da humanidade. Neste ano vou interpretar Pilatos. Nossa expectativa é emocionar e tocar as pessoas com esta história de amor ao próximo”.
Espetáculo estimula o convívio familiar
O evento também proporciona o reencontro de amigos e estimula o convívio familiar. “A Paixão de Cristo é apenas uma mola propulsora do turismo religioso. As pessoas que possuem familiares vão visitá-los e já ficam para assistir a nossa encenação. Outras, não têm familiares, mas vão prestigiar porque já conhecem ou ouviram falar do nosso espetáculo”, comenta Moriggi.
O diretor ressalta que é necessário levar cadeiras. Os banheiros da Praça estarão abertos para quem quiser utilizar.
Texto: Elisangela Favaretto/Portal Região dos Vales