O mês de março é o mês dedicado à mulher, o dia 8 de março é um dia simbólico que tem servido para homenagear as mulheres. Embora tenhamos várias vertentes que buscam explicar a origem desse dia, é consenso que, sendo ele místico ou verdade, serve como um momento para a reflexão sobre os papéis dos gêneros em nossa sociedade.
Quero falar aqui especificamente da divisão, real e simbólica, de gênero no meio rural. Alguém pode estar pensando que esse é um assunto ultrapassado e que o gênero feminino conquistou muito espaço nos últimos anos, no entanto ainda temos muito trabalho a ser feito nessa área, já que a migração feminina no sentido campo-cidade, e a consequente masculinização do meio rural são hoje fatos explícitos e discutíveis.
Mais de 3 milhões de homens estão à frente de pequenos estabelecimentos de agricultura familiar, e somente 600 mil mulheres aparecem nessa situação. Esses são dados do último censo da agricultura familiar, de 2006 e podem dar a impressão de que há muito mais homens trabalhando no meio rural do que mulheres, o que não é verdade, já que as mulheres exercem papel decisivo não somente no cuidado do lar, como na produção de alimentos de qualidade para a família e no desenvolvimento rural como um todo.
As mulheres têm participação e muitas vezes liderança nas mais diversas atividades rurais, no entanto ainda continuam sendo desvalorizadas perante a sociedade seja com salários inferiores, falta de voto nas decisões da família, principalmente as econômicas ou ainda sendo reconhecidas como unicamente donas de casa, quando na verdade são agricultoras, além de donas de casa. Ou seja, as mulheres trabalham em dobro e não recebem o mesmo tipo de reconhecimento profissional que um homem na mesma condição.
Nesse contexto, as ações em gênero desenvolvidas pela extensão rural têm como objetivo principal levar às mulheres orientações e informações para que possam empoderar-se, tornando-se protagonistas de suas conquistas, reduzindo a desigualdade de gênero, construindo sua autonomia econômica, social, cultural e política.
Para tanto, as ações de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) deverão ter presente os seguintes objetivos: – Colaborar para a eliminação das desigualdades entre os gêneros e trabalhar pela equidade de oportunidades entre as pessoas que vivem no meio rural; – Reconhecer, respeitar e propiciar o fortalecimento das formas organizativas das mulheres; – Contribuir para a participação ativa das mulheres na construção de políticas públicas voltadas ao atendimento de suas demandas relacionadas ao mercado de trabalho, aos direitos, à autonomia na atividade produtiva no meio rural, pela superação da jornada tripla de trabalho com a conquista da qualidade de vida, observando as práticas adequadas à conservação do meio ambiente.
Fonte:
Informativo técnico Social. EMATER/RS/ASCAR – Lajeado – Ano 4. N° 1, março de 2018. 5 p. Autor: Elizangela Mainardi R. Teixeira.
http://www.emater.tche.br/site/
Tatiane Turatti Orlandini
Extensionista Social – Nutricionista
Escritório Municipal da Emater/RS – ASCAR Encantado