

Durante os últimos três anos 800 famílias dos municípios de Ilópolis, Progresso, Sério, Agudo, Cachoeira do Sul, Cerro Branco, Novo Cabrais, Paraíso do Sul, Restinga Seca, Boqueirão do Leão, Passo do Sobrado, Rio Pardo e Vale Verde participaram da Chamada Pública de Diversificação ao Tabaco – operacionalizada pela Emater/RS-Ascar por meio de convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) do Governo Federal. Passado o período de execução, tem início as ações de avaliação do Programa. Uma delas realizada na quinta-feira (17), na Câmara de Vereadores de Progresso.
Na ocasião, estiveram reunidas famílias que se envolveram em atividades de caracterização aprofundada, com maior acesso à Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (ATERS) e participação em seminários, cursos e dias de campo, com o objetivo de estimulá-los para a diversificação de cultivos, com produtividade e renda. “A intenção não foi fazer com que o agricultor abandonasse o cultivo do tabaco, em muitos casos sua principal fonte de renda, mas fazer com que, de forma gradual, ele pudesse se estruturar para uma atividade alternativa”, salienta um dos coordenadores regionais da Chamada, o extensionista da Emater/RS-Ascar, Alano Tonin.
Este foi o caso do agricultor Gilmar Antônio Dell Osbel, de Lajeado do Meio, Progresso. Com 15 mil pés de fumo a menos plantados em 2017 – em um comparativo com o ano anterior – o produtor investe parte da área que era destinada ao tabaco para o plantio de milho, que servirá para a produção da silagem que alimentará os animais que atendem o consumo da família. Além de aumentar a horta e construir uma cisterna para a reservação de água, Dell Osbel investe na produção de mel, como alternativa ao tabaco. “Na minha primeira safra foram 800 quilos do produto, vendidos a R$ 13 o quilo”, comemora.
Já o agricultor Vinício Brandão, da localidade de Anto Bravo, Progresso, encontrou na bovinocultura leiteira a alternativa adequada. “O leite sempre esteve presente em nossa propriedade”, relata. “O que faltava para nós era aquele empurrãozinho para que saíssemos da ‘zona de conforto’”, comenta. Foi com o apoio da Chamada Pública que investimentos foram feitos e o rebanho aumentou, chegando as 25 vacas em lactação que, juntas, produzem 550 litros de leite por dia. O fumo, que já foi o carro-chefe da propriedade, deve aos poucos ser deixado de lado. “Importante é ter alternativas”, pondera Vinício.
“Exemplos como os de Gilmar e Vinício existem aos montes por aqui”, comenta a extensionista da Emater/RS-Ascar de Progresso, Simone Wobeto. Somente no município foram 91 famílias beneficiadas pela Chamada Pública. Não por acaso, durante o evento, os participantes puderam visitar as propriedades dos agricultores Janir de Almeida, da localidade de Apetiri e Selmar Danieli, de Lajeado do Meio. “Em ambos os casos, o fumo deu lugar para uma nova alternativa de renda, sendo a produção de hortaliças na primeira propriedade e a produção de leite na segunda”, salienta Simone.
O coordenador regional da Chamada Pública do Tabaco, assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, João Sampaio, ressalta o fato de o programa estar alinhado com a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), que busca preservar as futuras gerações das devastadoras consequências sanitárias, sociais, ambientais e econômicas do consumo e da exposição à fumaça do tabaco. “Assim, ela estabelece como algumas de suas obrigações a elaboração e a atualização de políticas públicas para o controle do tabaco que visem a reduzir tanto a oferta quanto a demanda”, ressalta.
Para Tonin, a Chamada Pública contempla estes objetivos uma vez que pensa não apenas na promoção de alternativas que possam livrar produtores da penosidade da atividade e das eventuais frustrações de safra – um dos reflexos da monocultura -, mas também as questões sociais e ambientais. Já o gerente regional adjunto da Emater/RS-Ascar, Carlos Lagemann, lembra o fato de que a Chamada não visa a retirar fumicultores de uma matriz produtiva a qual eles já estão familiarizados. “É sim dar condições para que outros cultivos possam florescer”, enfatizou, lembrando ainda o fato de que os serviços de ATERS não serão interrompidos com a conclusão da política pública.
Texto: Ascom Emater