

A grande maioria das pessoas realiza escolhas na vida buscando aumentar seus níveis de felicidade e afastar o sofrimento. Essas escolhas acabam nos fazendo evitar realizar coisas que se afastem muito da nossa realidade normal, do nosso dia-a-dia habitual e do que chamamos de zona de conforto. Desenhamos e nos enquadramos em uma vida que representa certa estabilidade e que não nos gere mudanças ou rupturas diárias.
A grande maioria das pessoas é resistente a mudanças, sim! Mudar significa abrir mão de coisas seguras e se lançar a algo que não é 100% garantido. Para muitos, mudar pode ser desafiar os próprios limites e testar a si mesmo. É fazer algo diferente, o que nem sempre é fácil, e muitas vezes nos tira bem fora da zona de conforto.
Por mais que seja difícil para o ser humano se propor a mudanças, as quais ele costuma resistir, este desafio pode muitas vezes representar o sair do piloto automático. Repetimos tantos hábitos em nossas vidas que mal nos damos conta do porquê estamos fazendo as coisas de determinada forma. Apenas deixamos que nossa vida vá do modo como ela sempre foi, pois assim não preciso me preocupar trazendo ela de volta para rota comum.
Quando vivemos no piloto automático não aproveitamos o caminho, estamos sempre preocupados com a partida ou a chegada, não olhamos pequenos detalhes, não percebemos de fato o que nos afeta e ficamos vivendo apenas de corpo presente. É como se não estivéssemos com nossa mente e nossos sentimentos conosco quando as coisas ocorrem, apenas presos na nossa zona de conforto onde as coisas andam por sí. Não apreciamos uma conversa, um jantar, uma música, um bom dia, os pássaros cantando, uma boa caminhada, um abraço amoroso de filhos, pais ou companheiros, um por do sol ou uma cama confortável para dormir. Deixamos o bom escapar por entre os dedos sem experienciar-se em cada tempo acreditando que a felicidade só existe no momento especial tão esperado.
Viver é cada dia e cada momento. Fazer as coisas sempre iguais e delimitadas em nossa zona de conforto nos prende a simplesmente ser um executor, um espectador da própria vida e não ator principal. Não é preciso fazer uma grande mudança para perceber isso, mas um pequeno passo em olhar o presente ou tentar realizar algo como ainda não fez antes gera resultados positivos. Fazer algo novo às vezes pode dar um frio na barriga, mas o resultado vem depois, por superar os próprios limites e se sentir vivo com toda sua intensidade.
Boa semana!
Carol Sofia é Psicóloga e Especialista em Gestão e Docência de Ensino Superior.