Oferecer novas perspectivas para o agronegócio e reintegrar aquele produtor rural que encerrou suas atividades na pequena propriedade. A Cooperativa Languiru exerce seu protagonismo regional ao mirar esses objetivos com o Programa de Inclusão Social e Produtiva no Campo. Mais um importante passo nesse sentido foi dado no mês de junho, com o início das reuniões nos municípios que aderiram ao programa. Os encontros servem para mostrar as metas e o cronograma do programa a produtores rurais, prefeitos, secretários municipais e representantes de entidades de classe.
No mês de junho ocorreram reuniões em Teutônia, Poço das Antas, Bom Retiro do Sul, Colinas, Cruzeiro do Sul, Forquetinha, Westfália, Tupandi, Paverama, Estrela, Nova Bréscia, Travesseiro, Venâncio Aires e Fazenda Vilanova. Para o mês de julho, o roteiro prevê reuniões em Mato Leitão, Arroio do Meio, Brochier, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Santa Clara do Sul e Imigrante. Lançado oficialmente no dia 03 de maio, o programa é idealizado pela Cooperativa Languiru, com apoio e envolvimento da Emater/RS-Ascar, de Sindicatos de Trabalhadores Rurais, de Secretarias Municipais da Agricultura, do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), do Centro Regional de Treinamento de Agricultores (CERTA), da Fundação Agrícola Teutônia (FAT) e da Sicredi Ouro Branco.
União
No encontro municipal realizado no dia 23 de junho no Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Teutônia, participaram produtores rurais, alguns deles associados à Languiru, e representantes de entidades que apoiam o programa. A cooperativa esteve representada pelo técnico em agropecuária Daniel Leonhardt e pelo engenheiro agrônomo Fernando Staggemeier, ambos integrantes do Setor de Leite do Departamento Técnico da Languiru.
O engenheiro agrônomo da Emater, Michael Serpa, alertou o público sobre os prazos e metas do programa. Esclareceu que o mesmo busca oferecer assistência técnica social, que proporcione a continuidade das propriedades rurais. “Quem define onde quer chegar são vocês”, disse, referindo-se aos produtores rurais.
O casal Astor Sprandel e Fridalina Sprandel, junto a filha Jaíne, deram seu depoimento e narraram o histórico da propriedade da família, localizada em Linha São Jacó, município de Teutônia. Associados à Languiru, eles emocionaram o público ao relatarem as medidas que adotaram para triplicar a produção de leite, que era de 80 litros por coleta em 2014. “Eu trabalhava como mestre de obras e chegou um momento em que tivemos que escolher”, revelou Sprandel. “Começamos a fazer análise do solo e a participar de cursos de qualificação para melhorar a qualidade do leite”, recordou Fridalina.
Em 2017, com a mesma área de terras de três anos atrás, a propriedade gera 300 litros de leite por dia. Sprandel enaltece que a família teve humildade de aprender e buscar novas tecnologias. “A principal diferença é anotar tudo sobre a produção. Não adianta fornecer um grande volume de pasto para a vaca se não tiver qualidade”, exemplificou. Fridalina admitiu que a família pretende aumentar o rebanho e agradeceu a contribuição da Languiru, da Emater/RS-Ascar, do STR e da Administração Municipal. “Nós precisamos de todos”, sintetizou.
Em seguida, foi a vez de alguns parceiros do programa se manifestarem. O presidente da Sicredi Ouro Branco, Silvo Landmeier, destacou a organização das entidades. “Não vai faltar apoio para acesso ao crédito rural”, declarou. A presidente do STR Teutônia/Westfália, Liane Brackmann, entende que ser produtor rural é um projeto de vida com responsabilidade. Também fez esclarecimentos sobre outras iniciativas que estimulam a produção e sobre o Pronaf. “Estamos falando de heróis e de um alimento sublime para todas as fases da vida”, frisou, referindo-se a quem vive no campo e produz leite. O secretário da Agricultura de Teutônia, Gílson Hollmann, observou que os profissionais da Emater e da Languiru são importantes para multiplicar as ideias e novas tecnologias na zona rural.
Staggemeier comentou a situação da cadeia produtiva do leite no Rio Grande do Sul e no Brasil. Falou sobre os programas da cooperativa que incentivam o fomento e lembrou que o roteiro de apresentação do projeto contempla 21 municípios. “Para fazer com que esse trabalho se perpetue, acho que a palavra que melhor define o projeto é união”, resumiu.
Novo panorama
No dia 27 de junho, pequenos produtores rurais, representantes do Executivo e da Secretaria Municipal da Agricultura estiveram reunidos na Sede Administrava da Prefeitura de Poço das Antas em mais um encontro do programa. O evento ainda contou com a presença do técnico em agropecuária do Setor de Leite do Departamento Técnico da Languiru, Tiago Schneider, e do líder de Núcleo da cooperativa, Marco Zirbes.
O técnico agrícola da Emater em Poço das Antas, Ricardo Cord, frisou que os pequenos produtores rurais não estão conseguindo reagir diante do atual cenário. Lamentou que alguns produtores já encerraram as atividades e enalteceu que o programa tem por objetivo alterar este panorama na região. “O pequeno produtor está parando. Por isso, estamos nos unindo para viabilizar a pequena propriedade rural em 21 municípios”, destacou.
Cord frisou que o programa visa oferecer assistência técnica com foco na sanidade do rebanho e na qualidade do leite. Para exemplificar aspectos ligados à sanidade, mencionou as vacinas contra a aftosa e a brucelose, além de procedimentos de everminação e controle da mamite. Já sobre a qualidade, lembrou que serão trabalhadas instalações como sala de ordenha e sistema de resfriamento, além da Contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Bacteriana Total (CBT).
Para complementar, o técnico agrícola descreveu o cronograma do programa e esclareceu dúvidas dos produtores rurais. Cord ainda apresentou relatório com dados de Poço das Antas em 2016, o qual apontava que o município possuía 35 propriedades rurais com atividade leiteira e rebanho de 561 cabeças.
Schneider falou sobre benefícios ofertados pela Languiru aos seus associados, como assistência técnica, planejamento forrageiro, manejo preventivo do produtor, programa de melhoramento genético e programa de recria de terneiras e novilhas. Também explicou as diferenças entre o Cartão Azul, voltado à produção de leite, aves e suínos, e o Cartão Verde, voltado à produção de milho.
O prefeito de Poço das Antas, Ricardo Flach, destacou a sintonia das entidades parceiras do programa e colocou a Municipalidade à disposição de todos. A gerente administrativa-financeira da unidade da Sicredi Ouro Branco no município, Ana Paula Brönstrup Müller, reiterou que a cooperativa de crédito é um braço financeiro para a captação de recursos que visam investimentos na propriedade rural.
Crescimento sustentável
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Bom Retiro do Sul também recebeu encontro do programa, no dia 28 de junho. Estiveram reunidos produtores rurais, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário, representantes da Secretaria Municipal da Agricultura e do escritório municipal da Emater. A Languiru esteve representada por profissionais do Setor de Leite do Departamento Técnico, Daniel Leonhardt e Fernando Staggemeier.
A engenheira agrônoma da Emater em Bom Retiro do Sul, Sandra Rieth, apresentou relatório socioeconômico da cadeia produtiva do leite no Rio Grande do Sul. Ela detalhou o cronograma do programa e observou que todas as políticas públicas passam pela aprovação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário. “Queremos trabalhar o ambiental e o social nas propriedades rurais, na busca pelo crescimento sustentável. Os técnicos têm o dever de comunicar aos produtores rurais quais aspectos podem ser melhorados nas culturas que integram o programa”, afirmou.
Staggemeier relembrou que o Programa de Inclusão Social e Produtiva no Campo começou a ser estruturado em 2016, quando a direção da Languiru iniciou conversas com as entidades parceiras no intuito de encontrar uma solução conjunta para viabilizar o pequeno produtor rural. “Estamos aqui para reforçar o convite aos produtores rurais que estiverem interessados em participar das atividades propostas”, enfatizou. Ele também explicou como funciona a balança comercial que interfere diretamente no preço do leite in natura e condenou os episódios de fraude no leite, reiterando que os órgãos públicos estão com olhar vigilante sobre toda a cadeia produtiva.
Cronograma
Os associados da Languiru interessados em participar do programa devem efetuar inscrição nos escritórios municipais da Emater/RS-Ascar. Os interessados que ainda não são associados da Languiru devem dirigir-se até o Setor de Atendimento Social do Departamento Técnico, no Bairro Languiru, em Teutônia.
Na sequência o cronograma de atividades prevê a avaliação e seleção dos beneficiários por parte do grupo gestor de cada município. A partir disso, será encaminhado diagnóstico das propriedades rurais e feito planejamento individual.
Para maio de 2018 está prevista a avaliação municipal dos indicadores, como renda líquida, custo de produção, CCS e CBT. Em junho de 2018 deve ocorrer o primeiro encontro regional dos participantes do programa, em grande evento na Associação dos Funcionários da Languiru.
Texto: Ascom Languiru