Encerrada a safra de verão, os produtores do Rio Grande do Sul se voltam para a de inverno, tendo como principal atenção a cultura do trigo. Apesar da excelente safra com os grãos de verão, os agricultores dão mostras de que deverão reduzir os investimentos nessa cultura. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado esta semana, há baixa procura por insumos, como sementes e adubos, o que indica que neste ano a área de trigo a ser plantada será menor. Entre os fatores que contribuem para a redução da área, estimada em 6,49% em relação a 2016, estão preços pouco atrativos para o grão e elevados custos de produção.
Entre a última semana de abril e a primeira de maio, a Emater/RS-Ascar realizou pesquisa nos 282 principais municípios produtores de trigo do estado, que representam 95% da área a ser plantada. “Tudo indica que a área cultivada com trigo deverá ser de 727,7 mil hectares, ou seja 6,49% menor do que a do ano passado, quando foram cultivados 778.235 mil hectares”, calcula o presidente da Emater/RS, Clair Kuhn.
Se considerado os rendimentos obtidos nos últimos anos, a produtividade média do trigo será de 2.420 quilos por hectare, projetando uma produção total de 1,76 milhão de toneladas na safra 2017, caso as condições meteorológicas sejam favoráveis. Esta produção seria 26,71% menor que a do ano passado, quando foram colhidas 2,24 milhões de toneladas. “Essa significativa diferença na produção é explicada pela boa produtividade obtida no ano passado (3.132 quilos por hectare, embora a qualidade final do produto não tenha sido proporcional à produtividade”, avalia Kuhn.
Segundo o presidente da Emater/RS, “além dos preços pouco atrativos, há o problema da segregação, que precisa ser resolvido”. Kuhn destaca que, ao colher, o agricultor não dispõe de espaço adequado para armazenar de forma separada o grão de maior qualidade daquele não tão bom, diminuindo o preço de venda do produto, que é estocado misturado. “Há ainda o fator climático, já que a cultura é bastante suscetível às oscilações meteorológicas”, avalia. O presidente ressalta que “os produtores estão respondendo de forma positiva ao trabalho de conscientização que a Emater vem desenvolvendo, quando alerta para a necessidade de se manter uma cobertura sobre o solo durante o inverno, o que evita a perda de nutrientes e ainda gera uma massa orgânica natural”.
De acordo com a pesquisa, ao contrário do trigo, as demais culturas de inverno, como aveia branca grão, cevada e canola, apresentam expectativa de aumento de área na próxima safra. A área de aveia deverá ter um aumento de 1,32% em relação ao ano passado, alcançando 230,7 mil hectares, contra os 227,6 cultivados no ano passado. Dessa forma, o Estado deverá colher 430,7 mil toneladas, contra as 650 mil toneladas colhidas na safra passada. Também é menor a estimativa de produtividade, projetada em 1.867 quilos por hectare, contra os 2.510 quilos por hectare da safra passada (-34,61%).
Na cevada, a área deverá ter um acréscimo de 16,56%, passando para 51,65 mil hectares, contra os 44,31 mil hectarees plantados na safra passada. Considerando uma produtividade estimada em 3,05 mil quilos por hectaare, a produção chegaria a 157,9 mil toneladas, uma diferença de -1,17% em relação à safra passada, quando foram colhidas 159,8 mil toneladas. A diferença se explica pela redução de 15,22% na produtividade inicial projetada para esta safra. O levantamento foi feito em 64 municípios, que representam 80% da área a ser plantada.
A canola é outra cultura que terá aumento de área de 6,25%, passando de 49,4 mil ha plantados em 2016 para 52,5 mil ha projetados para 2017. A produção poderá chegar a 81,4 mil toneladas, contra 72,7 mil toneladas colhidas na safra passada. Um aumento de 11,97%. Para a canola foram consultados 86 municípios, que representam 83% da área a ser plantada.
Culturas de verão
Apenas o feijão safrinha do tarde está em enchimento de grãos e em colheita. Em algumas localidades, com bom potencial produtivo, foram identificados problemas de acamamento de plantas e alta incidência de invasoras. As áreas já colhidas (65%) estão com rendimento dentro e acima do esperado.
Painço
Na Região Noroeste, onde o cultivo tem importância entre vários produtores, o painço é comercializado a R$ 80 a saca de 60 quilos. Em Novo Machado ocorreu o plantio da safrinha, com área superior a 200 hectares. Em Porto Mauá está implantada área superior a 100 hectares, com a cultura em fase de maturação (25%) e com 75% já colhida. Em virtude do excesso de chuvas e pouca luminosidade, o desenvolvimento da cultura está mais lento e a colheita foi impossibilitada pela intensa umidade e acamamento.
Texto: Ascom RS