As manifestações ocorridas na última sexta-feira, véspera de feriado, levantaram novamente o debate polarizado no Brasil. De um lado, aqueles que pararam em forma de protesto pacífico, ou nem tanto em algumas situações, para reivindicar seus direitos perante as reformas que estão sendo executadas no Congresso, principalmente a trabalhista e a previdenciária. Do outro lado do debate, pessoas que acusaram os grevistas de estarem atrapalhando a recuperação da economia com a paralisação, afirmando que tudo não passava de ação orquestrada para que os sindicatos não perdessem suas contribuições compulsórias e fosse aumentado o feriado.
Nem ao céu nem ao inferno. A polarização, apesar de aparentemente ser um exercício democrático de defesa de ideias, é muito mais preocupante do que parece, pois com a população extremamente dividida somente entre prós e contras, abre espaço para muitos oportunistas aparecerem. São os chamados “outsiders”, figuras que não são do meio político tradicional e que apostam em popularidade e discursos populistas para tomarem a confiança dos eleitores. Mas ainda não cheguei onde quero chegar.
Estas figuras tradicionais ou mesmo os outsiders, querem uma coisa só: o poder. Com o poder nas mãos, aí sim poderemos ver quem são os que realmente prestam serviço ao povo e quem está ali para ser servido. A história nos mostra que sim, já tivemos líderes capazes de trabalhar e pensar na nação. Mas infelizmente a história recente nos mostra que a ampla maioria exerceu sem mandato simplesmente para ganhar vantagens que o poder proporciona. Agora sim, cheguei onde queria, nas vantagens.
Fiz este pequeno apanhado da semana exatamente para falar sobre as vantagens que o político brasileiro tem, ou melhor, para falar sobre como poderíamos ser diferenciados se levássemos a sério a política e soubéssemos tratar realmente nossos políticos retirando-lhes do poder e colocando naquele espaço, pessoas com o real sentimento altruísta que um representante do povo deve ter. Para isso, vou usar também um exemplo que o programa Fantástico nos trouxe em uma reportagem sobre a Dinamarca.
Na matéria, fomos apresentados à uma realidade quase inconcebível para nossa cultura. Aliás, exemplos de casos foram dados com tamanha naturalidade pelos entrevistados que parece que estávamos assistindo algum programa sobre ET’s. Mas a Dinamarca existe e está aí para nos mostrar que, se tivermos uma cultura popular diferente, poderemos sim ser um país do futuro e bem melhor para todos. Mas como se faz isso? Respondo: com exemplos. E nossos exemplos, assim como os deles, são nossos líderes e representantes eleitos para tal, os políticos. Na reportagem inclusive citaram sobre os políticos de lá e a extrema diferença sobre os políticos de cá. Como exemplos mostraram a questão do tipo de transporte que um deputado usa para ir ao trabalho, que é feito de trem, os salários, a questão da igualdade de condições em educação, saúde e principalmente a fiscalização exercida pela população. E sabem porque as coisas soaram com naturalidade na apresentação? Pelo simples fato de que lá culturalmente os políticos não são tratados como aqui, com tanta pompa e afastamento da realidade popular.
Na Dinamarca político é simplesmente um funcionário público, escolhido pela sociedade para lhe representar e tornar sua vida melhor e mais justa. Não recebe poderes absolutistas, tratamento de autoridade e muito menos as facilidades econômicas que os nossos recebem aqui. Por esta diferença, por cada um cumprir com seu papel, sociedade e políticos, é que a Dinamarca consegue viver sem precisar dividir-se entre coxinhas e mortadelas. É assim que aquela nação conseguiu ser o melhor país do mundo em índice de felicidade. O que estamos esperando para sermos felizes?
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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