Segundo o IBGE, esta semana foi anunciada (com pompa pela equipe de governo) a maior crise econômica que o país vive desde a década de 40 do século passado, quando a série histórica do PIB começou a ser medida. Os números da retração econômica foram divulgados e mostraram que o que o mercado inteiro sente é real e reflete o caos econômico que o país se meteu.
Mas aí é que entro no que realmente nos interessa, o motivo desta crise. O Brasil, todos sabem, é um dos maiores exportadores de minérios do mundo, é a maior biodiversidade global, é o maior exportador de matéria prima e manufaturada animal do planeta, possui riquezas naturais e uma gama de inúmeros empreendedores multinacionais espalhados por toda a Terra. Nós temos mão de obra de certa forma competente e barata e mesmo assim estamos nessa situação. E por um único motivo: a nossa cultura política.
Infelizmente toda a população brasileira está pagando exatamente pelo que de errado comete a cada 2 anos. Por colocar em sua representação, ou como costumam falar, no poder, pessoas que sequer enxergam as potencialidades do país, pessoas que não tem o mínimo senso coletivo e jamais vão estar interessadas em trabalhar pelo bem comum pois não tem preparo técnico pra isso. Nossos políticos, de maneira geral, estão inseridos num sistema podre, falido e (minha opinião) sem volta em que formam um grupo fora da realidade social, uma espécie de ilha da fantasia, pensando vaidosamente como estarão na mídia e na cabeça do povo para a próxima eleição. Estamos reféns e jamais nos libertaremos desse sistema onde poucos interessados em seu conforto próprio e de suas famílias, dão as cartas e colhem os frutos de nosso esforço.
O brasileiro, este ser caricata, metido a malandro, é iludido com facilidade nessa pseudo-esperteza pois também se trai quando troca seu voto por migalhas momentâneas. Este ser agora está sentindo na pele e no bolso, que é onde mais dói, o quanto é ruim para ele mesmo quando em eleições, se deixa levar pelo doce encanto do ganho fácil através das promessas e favores eleitorais. Mas é quando o desemprego chega, quando o que já era ruim simplesmente some e quando nos jogam na cara as fortunas roubadas de nós mesmos é que nos damos finalmente conta de quão otário o “malandro” brasileiro é.
Obviamente pularão muitos, dizendo-se espertos, que não foram enganados, que não coadunam com o que acontece e que estão gritando contra tudo isso. Balela… Estamos todos no mesmo saco. Nossa cultura é essa. Afinal, se fôssemos mesmo bons, se quiséssemos mesmo algo diferente e melhor para nosso povo, já tínhamos saído de casa, ido até a casa do vizinho, mudado a opinião de eleitores leigos e desinformados em épocas eleitorais e tentado alterar essa nossa rotina.
Mas tudo isso seria feito em nome de uma vida melhor. Não simplesmente em troca de um cargo, uma ocupação ou um favor do poder público, mas em nome de uma vida coletiva com mais qualidade na saúde, na educação, no transporte, na segurança enfim, naquilo tudo que pagamos muito mais que os outros países e que recebemos bem menos que os piores deles. Bem feito mais uma vez para nós, os metidos a espertos, que estão agora passando pela pior crise de suas vidas. Uma crise para um povo que teima em achar que existem dois lados nessa briga.
Não interessa se o governo A ou o governo B se declaram culpados ou não dessa situação, no fundo o culpado é aquele que sofre hoje, que paga hoje e sempre pagará. O culpado é o povo, sou eu, é você, somos todos nós que nos calamos e egoistamente pensamos em nosso umbigo e nos viramos individualmente de costas para a sociedade onde vivemos esperando pelos outros pela solução. Somos no fundo, bobos iludidos por espertos. É nossa história, nosso presente e nosso futuro.
Fredi Camargo – Cientista Político
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