Semana passada comentei sobre a questão da autoridade imposta há séculos pelos senhores que detém o poder político sobre suas sociedades. É compreensível que em diferentes contextos históricos e culturais povos inteiros tenham tido reconhecer a questão de possuírem uma figura ímpar ou um grupo de poderosos chefes sociais que possuíam a intitulação de autoridade.
Porém, remeto-me ao presente, onde os agentes políticos deveriam possuir espírito público, agindo com desprendimento e seriedade nas suas obrigações funcionais com o objetivo de servir à população que necessita de seus préstimos.
Agentes públicos, sendo concursados, indicados ou eleitos, deveriam reconhecer em suas funções uma importância enorme mas ao mesmo tempo excluir a pecha de autoridade de suas qualificações. Vivemos em um tempo onde as funções devem permitir que esses quadros trabalhem com qualidade servindo ao povo e não mais sendo servido burocraticamente por ele.
A lentidão e o amadorismo dos processos em vários casos dentro do setor público são contraproducentes tanto para que está exercendo as atividades como principalmente para que necessita delas. A marca reconhecida nacionalmente desses agentes, e em muitos casos de forma injusta, é a do desleixo e da irresponsabilidade na prestação dos seus serviços. Em contrapartida o que muito se ouve da classe é a de que são pouco reconhecidos e muitas vezes injustiçados pela população.
Convenhamos, está tudo errado. Numa era onde a automatização e rapidez dos processos, com a ajuda da tecnologia, auxilia inúmeras pessoas e empresas a produzirem mais e melhor, com um custo reduzido, ver um servidor público de carreira ou uma “autoridade” anotar as solicitações dos seus “clientes” em bilhetinhos de papel beira o ridículo. É também por esta razão que deveríamos banir o tratamento pomposo dos agentes políticos em quaisquer circunstâncias, pois eles são nada mais do que funcionários do povo.
Pode não parecer, mas é dessa ideia praticamente medieval, de tratarmos (no Brasil ainda vigora um decreto da década de 40 do século XX) que leva aos políticos e agentes públicos a se debruçarem em seus berços esplêndidos de autoridades para nos tratarem como seus servos a espera de sua benevolência para nos dar aquele carimbo que irá nos servir para passar ao próximo guichê.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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