A agricultura familiar é responsável pela produção da maior parcela de alimentos, e exerce uma atividade que tem relação particular com a terra, com o local de trabalho e sua moradia. Além da diversidade da produção agropecuária, a agricultura familiar apresenta característica de gestão compartilhada com a família, e que na maioria dos casos não conta com registros e organização das informações, dificultando o gerenciamento.
Por atuar na produção primária, diferentemente de uma empresa, a agricultura está sujeita a uma série de riscos e incertezas, como interferências climáticas (secas, granizos, geadas, variações de temperatura, ventos fortes, pragas ou doenças), sazonalidade da produção (períodos de safra e entressafra), e perecibilidade dos produtos. Situações conhecidas pelo agricultor.
Todas estas variáveis mencionadas, caracterizam o agricultor como um empresário à céu aberto, que diariamente é obrigado a tomar decisões sobre o seu negócio em tempo hábil, prevenindo ou controlando adversidades. De modo simplificado, podemos dizer que quando a tomada de decisão é baseada em informações organizadas, indicadores quantitativos e qualitativos, denomina-se gestão.
O processo de gestão pressupõe conhecer profundamente as particularidades do setor em que se está inserido, otimizando as potencialidades e reduzindo as incertezas, de modo a garantir o resultado planejado. No cenário atual, marcado pela competitividade e frequentes mudanças no setor agropecuário, cabe ao agricultor familiar assumir uma nova postura alinhada às práticas de gestão, uma nova visão para garantir a sustentabilidade da sua unidade produtiva.
Neste contexto, a gestão sustentável incorpora além dos aspectos já mencionados, a visão de longo prazo, de manutenção da capacidade produtiva e reprodutiva da unidade de produção, unindo-se ganhos econômicos, sociais e ambientais.
Entre os primeiros passos da gestão, está a implantação de uma agenda de registros de insumos e produtos para cada atividade, com atenção especial para aquelas atividades de alto valor agregado. Na sequência, a definição um plano e estratégias com prazos, são medidas importantes na execução das atividades futuras.
Com apoio da Emater os agricultores familiares podem implementar a gestão sustentável em suas propriedades. O acesso à políticas públicas como a assistência técnica e extensão rural (ATER) e a facilidade de acesso ao crédito rural, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), podem estruturar atividades de melhoria da renda e qualidade de vida no campo. Destacam-se aqui, atividades como a produção de alimentos orgânicos, comercialização direta aos consumidores em feiras, o processamento artesanal e agregação de valor da produção através da agroindústria familiar. Estas são algumas das estratégias disponíveis para as famílias que desejam permanecer no campo, mantendo ou promovendo rentabilidade e qualidade de vida.
Para mais informações, procure o escritório municipal da Emater.
Eduardo Mariotti Gonçalves – Engenheiro Agrônomo da Emater