A política, com suas regras e jogadas, pode ser fascinante por um lado e totalmente desprezível por outro, basta escolhermos o ângulo e termos o discernimento do que esperamos encontrar e como trabalhar essa arte.
Sendo uma ciência humana, portanto não exata, que depende muito de variáveis distintas para alcançar seus resultados (até esses podem ser variantes, dependendo do contexto) a política deveria ser tratada com mais responsabilidade, para se dizer o mínimo, pelos seus atores. Mas não é assim que acontece.
Primeiro, exatamente pela natureza da atividade, a política possui um elemento fundamental e instável em seu cerne, o ser humano. Esse elemento possui qualidades e individualidades que tornam as ações políticas passíveis de inúmeras possibilidades de resultados e maneiras de obtê-los. Mas quero me ater aos mais corriqueiros desígnios e objetivos dela, ou melhor, ao mais simples e direto objetivo da política, o poder.
O poder social, aquele em que a influência de um grupo ou um indivíduo perante outros grupos ou indivíduos torna suas vontades preponderantes pode ser fatal para forjar um ser político nato ou desmascarar personalidades com tom de psicopatia social. O poder corrompe, muitas vezes ouvimos, mas por que ele corrompe? Por qual, ou quais razões, as pessoas mudam seus atos e discursos de uma hora para outra dentro da política?
A ciência explica. O ser político, inevitavelmente, possui três tipos de vaidades, todas juntas ou pelo menos uma delas, que são: a vaidade de ser bajulado, a vaidade de poder ter sua vontade respeitada acima de outras vontades ou simplesmente a vaidade de poder, financeiramente, ser superior aos demais de seu grupo social. Atentem-se que quando afirmo que inevitavelmente todo e qualquer político possui uma dessas, duas, ou todas as três vaidades intrínsecas ao seu perfil não sou simplório de adjetivá-los, trago exemplos.
Exemplo de vaidade por ser bajulado. Quantas vezes não nos deparamos com candidatos em campanha sendo recebidos com bandeiras, beijos e abraços para reuniões emocionadas onde ele é a estrela da noite e este, ovacionado pela multidão que o idolatra, mostrando em seu semblante quanto é bom ser bajulado? Serve também para a famosa “área reservada para autoridades” (falarei um dia sobre essa bobagem política) onde os políticos, já eleitos, podem se sentir como seres superiores, onde as pessoas podem pedir para pousar para fotos, como se fossem estrelas.
Agora a vaidade de ter sua vontade acima das outras, essa é quase uma unanimidade. As pessoas não entram na política, não se relacionam com o poder, para simplesmente dizer sim para todos e não ter suas vontades ou ideias reconhecidas ou seguidas, pelo contrário, é pelas ideias e vontades que a luta política ocorre (deveria ser só por elas).
Alguns casos, onde a inexperiência ou a ganância exacerbadas imperam, as vontades são ditatoriais e o ser político, tendo poder, impõe sua marca diante do grupo social em que está inserido de forma a fazê-lo aceitar sem discussão. Normalmente esse ser tem vida curta na política, ou aprende a ser maleável. Mas é uma característica que move, como eu disse, quase a totalidade dos políticos.
Por fim, falo da pior vaidade, aquela que corrompe pelo mais fútil valor que uma pessoa pode ter, que é o ganho financeiro. Inúmeras vezes vemos políticos, cabos eleitorais, pessoas de uma mesma sociedade que discursam e lutam por ideais, vendendo sonhos coletivos e planos para um futuro comum melhor em um momento e de uma hora para outra, por receberem uma proposta financeira qualquer, mudam sua opinião com as mais variadas desculpas possíveis.
Esse tipo de valor é o que moldou a política em sua história, pois com poder financeiro fica mais fácil atingir os outros dois tipos de vaidades e o ser político se completa. Mas o maior escárnio social que esse tipo de comportamento pode gerar é exatamente o da corrupção, onde, para ter um ganho material individual imediato, as pessoas abandonam seus princípios coletivos, que deveriam ser a base da luta política, para simplesmente pensarem em si e em suas famílias acima do bem coletivo.
Para isso bastaria ser competente na inciativa privada, mas como na política o caminho parece ser mais fácil, a opção por essa área faz muitos se esquecerem dos discursos e partirem para a prática mais corriqueira e baixa que um ser político pode exercer, a venda de seus pensamentos.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
Contato: cc.consultoria33@gmail.com