Incredulidade, o sentimento inicial no mundo e principalmente no sul do Brasil quando do recebimento, por partes, das notícias que iam chegando sobre a queda do avião que transportava a delegação do time de futebol da Chapecoense em direção à final da Copa Sul-Americana. Os desdobramentos da tragédia durante o dia e as relações com nomes de sobreviventes e falecidos, foram pouca a pouco enchendo os corações brasileiros e tomando conta dos comentários gerais nas redes sociais e nas conversas de grupos.
Se podemos falar em política nesse momento, devemos usar os exemplos surgidos nesse terrível episódio para refletirmos sobre nosso poder de coesão em torno de fatos que sempre mexem com o psicológico social brasileiro. As manifestações de pesar e solidariedade de setores que não tem ligação com o futebol, as declarações de envolvidos e conhecidos com pessoas que perderam suas vidas no acidente e a comoção e compaixão de instituições futebolísticas brasileiras mostraram que há sim uma possibilidade de que haja uma ação coesa da sociedade brasileira em nome de bons ideais e elevação de nosso Estado nacional.
Em momentos de dor imensa vemos que o povo brasileiro tem o mesmo poder de ação que teria qualquer sociedade, desenvolvida ou não. E sabem por quê? Porque infelizmente o ser humano só se dá conta de que está vivendo em regime de colaboração mútua em situações extremas como estas. O Brasil só mostra sua garra e sua força quando há uma comoção popular, um apelo dramático ou uma movimentação política que possa mexer com uma parcela muito grande de nosso povo. E esse espírito de luta coletiva, dentro das regras sociais, numa mostra de que um grande número de pessoas, uma sociedade, pode e deve ser maior que a fatia ínfima que habita o cenário político defendendo seus interesses, é que deve prevalecer.
Se os brasileiros, realmente se conscientizassem que há maior possibilidade de realizações e felicidade coletiva quando há cooperação mútua e trabalho em conjunto para um mesmo objetivo, sem que haja disparidade nos ganhos, seriam muito mais satisfeitos com suas vidas e poderiam sim viver em uma sociedade sadia. Infelizmente, nesses momentos de dores extremas é que podemos ver que há a possibilidade real disso acontecer, só não existe a cultura e a vontade para isso.
Enquanto isso, como indivíduos, como grupos sociais e como nação, nos resta chorar juntos e abraçados sobre as tantas tragédias diárias que ocorrem em nosso país, que causam muita dor e sofrimento, mas que ninguém percebe. Que fique a lição, que fique a comoção, mas que principalmente possamos ter em nossos corações o exemplo do time que mostrou que o coletivo sempre vencerá o individualismo.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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