A Sociedade Esportiva e Cultural da Linha Ano Bom, em Colinas, recebeu público de mais de 120 pessoas, no sábado (23), para o Seminário Regional de Sucessão Rural de 2016. Na ocasião, além de momentos espirituais, místicos, de confraternização e de descontração, foram realizadas apresentações de painéis e de sistematizações, com o objetivo de proporcionar uma reflexão a respeito do tema da sucessão familiar rural e também apontar encaminhamentos, visando a qualificação da gestão da propriedade rural.
Um dos painéis, ministrado pelo gerente regional da Emater/RS-Ascar, Marcelo Brandoli, abordou a conjuntura na região e no Estado, além de realizar um resgate de pesquisa realizada pela Univates, Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Em sua fala abordou gargalos – a dificuldade de diálogo com os pais sobre o assunto – inclusive no que diz respeito a ações e investimentos na propriedade -, ou mesmo a falta de reconhecimento “econômico” para o trabalho dos filhos – que contribuem para que mais de 30% dos jovens abandone a atividade rural.
Na mesma palestra, o representante da Emater/RS-Ascar ressaltou a mudança de percepção sobre o tema, estando muito presente, hoje, a busca por respostas que deem conta dos motivos de os jovens permanecerem no meio rural. “Estar em tempo integral com a família, possibilidade de renda maior do que a obtida em um trabalho na cidade, qualidade de vida, perspectiva de futuro e o fato de ser o “dono” do negócio são alguns dos aspectos enfatizados pelos filhos de produtores que decidiram ficar no campo”, observa Brandoli.
O produtor Rafael Horst, da Linha Roncadorzinho, em Colinas, é um caso de jovem que retornou à propriedade para trabalhar como agricultor. Tendo por base a diversificação, o jovem, ao lado dos pais Egon e Christina e da esposa Débora, desenvolve a atividades como a bovinocultura de leite e a criação de suínos (creche). Uma agroindústria de pães, biscoitos e cucas, além do cultivo de frutas e hortaliças para consumo da família, complementam o cenário favorável para a permanência de Rafael no meio rural.
Ainda assim, o agricultor aponta a falta de linhas de crédito específicas para jovens produtores como uma das principais dificuldades para a permanência no campo. “Estou a quatro anos tentando adquirir uma faixa de terra para a implantação de uma área de pastagens e não consigo ter acesso a este recurso”, sinaliza. “Gosto muito do trabalho no meio rural, mas essa falta de valorização é algo que quase nos faz desistir”, salienta. Ainda assim, Horst ressalta a participação da Emater/RS-Ascar e da cooperativa Languiru no dia a dia da propriedade.
Horst, assim como todos os demais presentes no evento, participou de uma atividade em grupo, com o objetivo de justamente apontar caminhos para a permanência do jovem no meio rural. Quais as oportunidades e o que esperar das entidades no sentido de apoiar os produtores interessados em suceder os pais no trabalho do campo, foram perguntas respondidas pela plenária. Por outro lado, representantes da Emater/RS-Ascar, da Fetag/RS, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e de outras entidades também debateram possibilidades e caminhos para o apoio aos jovens.
O evento contou com a presença de diversas autoridades locais e regionais, representantes das entidades já citadas, entre elas a coordenadora estadual da Fetag/RS, Diana Hahn Justo, a coordenadora regional de jovens, Lisane Dummel, o coordenador da regional sindical do Vale do Taquari, Luciano Carminatti, a pastora Edegard Hartmann, o presidente do STR de Colinas Seno Messer e o gerente adjunto da Emater/RS-Ascar, Carlos Lagemann. Também marcou presença no encontro o deputado federal, Heitor Schuch.
Lagemann valorizou o trabalho dos jovens agricultores, que possuem a nobre missão de produzir alimentos. “Nunca é demais lembrar que se o campo não produz, a cidade não almoça e, nesse sentido, são vocês as verdadeiras autoridades aqui presentes e também no futuro”, observou. Para Carminatti, o trabalho em parceria e o acesso a boas políticas públicas podem ser alguns dos caminhos para que sejam superados os desafios no que diz respeito a este importante trabalho. “O diálogo permanente com os pais, o acesso à renda e tecnologia e a profissionalização também podem ser a base para este encaminhamento”, finaliza.
Texto: Ascom Emater