

A décima audiência pública promovida pela Comissão Especial do Rio Grande Resiliente ouviu, na noite dessa quinta-feira (15), técnicos que expuseram conceitos e avaliações acerca das energias renováveis e o custo da logística. A comissão, presidida pelo deputado João Reinelli (PV), reuniu-se no Espaço da Convergência, térreo do Palácio Farroupilha.
Inicialmente, falou Tiago Grazziani, especialista em energias renováveis e representante da empresa Young Energy, que desenvolve soluções alternativas à geração de energia elétrica com o objetivo de gerar diretrizes de sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Ao fazer um apanhado das principais fontes de energia, citou que, na atualidade, há uma tendência cada vez maior na utilização das energias eólica e solar.
“Esta deverá ser a tendência mundial, tendo em vista a possibilidade de esgotamento do combustível de origem fóssil e os riscos da energia nuclear”, apontou, lembrando que, na Alemanha, desde o final dos anos 80 (após o desastre de Chernobil, em 1986), foram implantadas iniciativas em energias alternativas.
Recordou que no Brasil, em 2011, a dependência da energia hídrica chegou a 81%. Já em 2014, o número caiu para 65%. “Houve perda de produção pelas mesmas fontes (hidrelétricas), em especial por questões climáticas, e isso é um alerta para o país, no sentido da necessidade de maior planejamento a longo prazo e menos dependência de uma única forma de energia”, alertou, ressaltando os impactos e consequências do fato.
“São impactos na economia (necessidade de elevação de tarifas ou utilização de bandeiras conforme o consumo), no social (planejamentos mais cuidadosos envolvendo até mesmo o racionamento, como em São Paulo) e no aspecto de sustentabilidade, a partir da busca de novas alternativas”.
Para ele, no momento em que o país varia sua matriz energética (menos dependência da energia hídrica) “mostra que está acordando para o problema, mesmo que de forma tardia. Afinal, o Brasil é o sexto país com maior custo de produção energética e isso terá que mudar”, advertiu.
Reforçou que o caminho se dá na direção das energias eólica e solar, não poluentes, silenciosas, renováveis e com mais fácil aplicação. Para tanto, defendeu alguns incentivos, como a melhoria na implementação de linhas de financiamento e uma programação para implantação de telhados solares.
Os prejuízos com a falta de logística
Na sequência, o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura e representante da Agenda 2020, Paulo Menzel, convidou os presentes para que avaliassem, junto com ele, os sérios prejuízos econômicos advindos da falta de planejamento logístico. “Quanto custa isso para todos nós? Quanto custa não ter a logística adequada? Quanto custa não fazer, não executar uma obra?”, iniciou questionando.
Segundo ele, o preço final de um projeto pode chegar a seis ou sete vezes mais em razão destes fatores. Usou como exemplo o aeroporto Salgado Filho. “Aeroportos do mundo demoram em média 20 anos para ficarem prontos. Estamos há pelos menos 15 anos esperando a ampliação de menos de um quilômetro na pista (920 metros)”, comparou, citando os elevados prejuízos para o Estado em razão deste atraso.
“Como não tem pista apropriada, aviões cargueiros, de grande porte, não se utilizam do Sangado Filho. O resultado é que as cargas com nossos produtos precisam ser levados de caminhão para Guarulhos (SP) e Viracopos (Campinas-SP), ou até para mais longe”, ilustrou. Ele calcula em US$ 3,3 bilhões por ano as perdas do estado em cargas aéreas por causa do tamanho da pista do Salgado Filho. “Há muito já teríamos pago a obra (de ampliação da pista)”, lamentou. “Com um quilômetro a mais de pista, poderíamos ter uma linha cargueira semanal. Levamos, toda semana, 100 toneladas de cargas aéreas para São Paulo”.
Observou que, no passado, uma viagem de caminhão até São Paulo demorava cerca de 17 horas. “Agora, são 27 horas, dez horas a mais, em razão do fluxo e outros fatores, como estradas ruins. A que custo”?, indagou. Conforme o especialista, a extensão da pista do Salgado Filho deve ser concluída de uma vez. “É preciso uma ampla mobilização no Estado, e não dá para discutir a construção de um novo terminal sem falar em melhorias para o Salgado Filho. A saída mais óbvia é ampliar a pista e finalizar a demorada construção do terminal de cargas”, destacou. “Com um quilômetro a mais de pista, poderíamos ter uma linha cargueira semanal. Levamos, toda semana, 100 toneladas de cargas aéreas para São Paulo”.
Lembrou que sempre houve movimentação de cargas pelo atual aeroporto, recordando “a saudosa Variglog, que, há 25 anos, realizava quatro cargas aéreas semanalmente (para vários destinos mundiais). O fato é que o custo logístico é três vezes maior para quem paga o transporte, ou seja, nós. Quase 20% (19,83%) do PIB gaúcho é custo logístico, quando deveria ser 6,2%”, apontou.
Ainda segundo Paulo Menzel, um aeroporto melhor estruturado seria importante no incremento de receita pelo turismo. “O foco deve ser mantido pela ampliação da pista. Pensar em outra alternativa (novos aeroportos) é continuar perdendo recursos.”, enfatizou.
Texto: Ascom Assembleia Legislativa