Porém, o que mais me marcou nessa Euro não foram as façanhas portuguesas, mas sim um português: Ronaldo, Cristiano Ronaldo. Confesso que nunca fui muito fã do camisa sete do Real Madri. Não que eu não o achasse um grande jogador, sua qualidade é indiscutível e nunca questionei isso. No entanto, nunca gostei muito daquele jeitão marrento e exibicionista que são típicos do português.
Sempre preferi Messi. E aqui falo não somente em termos futebolísticos, mas também de personalidade. Afinal, não dá para separar o jogador do ser humano. Somos uma coisa só! Mais discreto, reservado e tão ou mais talentoso que o portuga, o estilo de Messi sempre me agradou mais. Até essa Euro…
Eu – e o mundo – tivemos a oportunidade de conhecer um Cristiano que até então não fazia ideia que existia. Sim, o gel no cabelo continuava lá. Sim, sempre que podia ele ficava admirando sua beleza no telão. Algumas coisas não mudam, mas uma mudou: seu comportamento.
Não que Ronaldo fosse um jogador com mau comportamento, muito pelo contrário. Sua dedicação aos treinos e seu profissionalismo são conhecidos e não é de hoje. No entanto, uma cena me marcou e, acredito eu, tenha marcado a todos que a presenciaram.
Pelas quartas-de-final, Portugal enfrentou a Polônia e a eliminou na disputa de pênaltis. Até aí, nada demais, certo? Certíssimo! No entanto, a postura que Cristiano teve foi exemplar. O português mostrou que, além de craque, é um grande líder. Em um vídeo que viralizou na internet – confira no meu instagram @oinvestidor -, o português mostrou todo seu apoio a João Moutinho, um companheiro de equipe que parecia não estar muito confiante para encarar os pênaltis.
“Oh! Oh! Venha bater! Venha bater! Você bate bem! Se perdermos, que se f… Vem! Seja forte!” Para você talvez pareça bobagem, mas acredite, era tudo que Moutinho e os outros atletas precisavam: confiança. E Cristiano deu isso a eles.
Na final, depois de jogar poucos minutos, o craque português teve que sair de campo com uma lesão no joelho. Para muitos, estava decretado o destino da Euro, a França sairia campeã. Afinal, o que seria de Portugal sem o seu craque, não é mesmo?
Porém, após receber tratamento médico, Cristiano voltou para a beira do campo e mostrou que o craque não estava mais em campo, mas o líder estava mais presente que nunca. O resultado, vocês já sabem! Uma equipe pode até ser campeã sem um craque, mas jamais o será sem um líder! As pessoas precisam de um norte, de um apoio. As pessoas precisam de alguém que confie nelas quando, nem elas mesmas confiam mais. Essa é a essência da liderança.
Por mais Cristianos nas nossas empresas, universidades, política, seleção brasileira… é isso que tem faltado à nossa sociedade.
Samuel Magalhães é Consultor especializado em Finanças e Negócios e fundador do Portal www.invistafacil.com.