
Oferecer subsídios aos jovens para que eles despertem o interesse de permanecer no campo. É com este propósito que a Emater/Ascar e a Administração Municipal, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Desporto, desenvolvem um programa de sucessão rural desde abril deste ano na rede municipal de ensino. Conforme levantamento da Emater, o município tem 616 propriedades familiares e em menos de 50 existe a garantia de sucessão.
No primeiro momento, a iniciativa foi implantada na Escola Frei Henrique de Coimbra. Nos demais colégios municipais serão feitos trabalhos agroecológicos, motivacionais e de cuidado das próprias hortas mantidas pelos estudantes no ambiente escolar, sobretudo voltados à orientação.
Para abrir o programa de modo oficial, no dia 08, os alunos da Escola Frei Henrique de Coimbra que participam do projeto fizeram uma visita técnica à propriedade do olericultor Marcos Purper, em São Bento, Lajeado. O objetivo foi conhecer uma horta de cunho comercial e verificar as técnicas envolvidas no processo de manejo dos produtos, assim como os sistemas de produção (a campo ou em estufa) e os tipos de hortigranjeiros.
A visita fez parte dessa primeira etapa do programa, cujo tema é a olericultura. Serão em torno de 16 horas de aula, tanto práticas como teóricas, para esmiuçar esse tipo de produção voltada aos hortigranjeiros. A tendência é a realização de encontros quinzenais, os quais são coordenados pela equipe da Emater. Fruticultura, piscicultura, apicultura, dieta das vacas leiteiras, higiene e qualidade do leite são áreas que também serão trabalhadas durante a capacitação.
Carlos Henrique da Silva Müller, 12 anos, é um dos 18 estudantes que integram o projeto. Cursando o 7º ano, ele pretende suceder o pai Milton na agricultura. “Ajudo em casa a tratar os animais e a pegar pasto”. O morador de Sampainho também elogia a iniciativa da Emater e da Administração Municipal. Segundo ele, é importante mesclar aulas teóricas e práticas, como a realizada em São Bento.
Durante a visita, os alunos foram orientados pelo técnico em agropecuária da Emater, Luiz Bernardi, e pelo filho do proprietário dos hortigranjeiros, Mailor Purper, de 16 anos. No local são produzidas dezenas de variedades, como morango, tomate, alface, cenoura, brócolis, couve-flor, aipim e batata-doce. A família desenvolveu um site no qual realiza vendas de produtos, mostrando que o uso da tecnologia e a renovação constante são fundamentais para o sucesso do negócio, inclusive na zona rural.
Como funciona
Bernardi informa que o programa é dividido em três etapas. A primeira visa levar conhecimento técnico aos estudantes. A segunda frente de atuação é coordenada pela Inspetoria Veterinária de Lajeado, com o enfoque voltado à saúde animal. E a terceira etapa enfoca o desenvolvimento de atividades pelos alunos a partir das informações repassadas nas capacitações, cuja realização fica a cargo da escola, onde o trabalho é desenvolvido pelo professor Julio Franz.
De acordo com o técnico em agropecuária, os jovens devem se atentar à importância de se apoderarem do conhecimento no setor rural para, dessa forma, se sentirem mais seguros e criarem alternativas viáveis para manter-se na agricultura. “Assim, conseguirão desenvolver culturas e sistemas de produção com mais profissionalismo que permitam o aumento da produtividade e a lucratividade necessária para a permanência no campo”. Além de Bernardi e Franz, a visita à propriedade dos Purper foi acompanhada pela extensionista social Sandra Gerhardt.
Para o secretário municipal de Educação, Cultura e Desporto, Leonardo Braun, a parceria com a Emater e a Inspetoria Veterinária possibilita que os alunos aprendam pedagogicamente e também levem conhecimento às propriedades onde residem com os pais. “Sempre é importante aproveitarmos a capacidade técnica dessas entidades para oportunizar algo novo e de qualidade aos nossos estudantes. Lembrando que essa é uma parceria sem custos ao município”.
O prefeito Inácio Herrmann ressalta que uma das preocupações do governo municipal é oferecer ferramentas às crianças e adolescentes para que consigam ter qualidade de vida no setor rural. Conforme ele, a agricultura tem um papel fundamental na economia do município, sendo indispensável tanto para quem produz como para quem consome a produção. Também destaca o trabalho do Executivo de estruturar as comunidades do interior, como é o caso de Nova Santa Cruz, que tem uma escola equipada, telefone, internet, quadra esportiva coberta e, futuramente, receberá asfalto.
Texto: Portal Região dos Vales/Ascom Santa Clara do Sul