Cerca de quatro mil expectadores acompanharam a apresentação; encenação foi realizada no Morro da Matriz
Emoção e realismo. Foi assim que milhares de pessoas vivenciaram o espetáculo da Paixão de Cristo de Muçum encenada na noite de sexta-feira Santa, 15, no Morro da Igreja Matriz. O evento, que é uma realização da Associação Muçunense de Artes (AMA) e Prefeitura Municipal voltou a ser realizado após dois anos de suspensão em razão da pandemia de coronavírus.
Em cena, cerca de 75 atores se revezaram nos cenários para contar os últimos momentos de Jesus Cristo na terra. Desde cedo, o público chegou com cadeiras para se acomodar na rua Isidoro Slongo, em frente ao salão paroquial. O novo local pode oferecer ao público melhor visão das cenas e ampliar para os artistas as suas interpretações. Uma grande cidade cenográfica foi construída pelos próprios participantes que, animados em retornar, não mediram esforços para criar um ambiente apropriado para a apresentação.
Para o presidente da AMA, Renan Lucas Nardin, a retomada da Paixão de Cristo mobilizou toda a comunidade e elenco. Segundo ele, desde janeiro, os artistas e a produção do evento se prepararam para interpretar da melhor maneira uma das histórias mais contadas da humanidade. Nardin, que interpreta o governador Pôncio Pilatos e participa da apresentação há 20 anos, falou também da emoção em encarar, mais uma vez, um dos principais papeis da peça teatral. “Estou muito feliz em ver que nosso espetáculo está crescendo cada vez mais.
Estávamos um pouco preocupados com a mudança de local, mas felizmente, saiu como nós esperávamos. Queria agradecer todos os apoiadores e especial todo o nosso elenco e equipe de apoio que de desde janeiro estavam empenhados para a realização do espetáculo”, ressalta. Nem o frio espantou o público na apresentação de pouco mais de duas horas. Prestigiando o espetáculo, o bispo diocesano de Santa Cruz do Sul, Dom Aloisio Dilli, parabenizou o elenco e fez uma reflexão sobre a vida de Cristo.
“Na Quaresma procuramos converter-nos, morrendo para o que não é cristão, agora somos renovados pela graça da vida nova. Esta é a grande alegria que deve nos envolver neste tempo em que a Igreja entoa sem cessar o Aleluia, que significa: “Louvai o Senhor”! Junto com a cruz da sexta-feira santa não pode faltar o badalo festivo do Aleluia pascal”, disse.
Em seu pronunciamento, o prefeito de Muçum, Mateus Trojan, agradeceu a presença de todos e afirmou que a Paixão de Cristo já é consolida-se como um dos principais eventos do Vale do Taquari. “É uma grande satisfação compor essa retomada da Paixão de Cristo de Muçum, e ver o evento se manter como um dos maiores da região e estado no quesito. É um exemplo de voluntariado e dedicação comunitária, envolvendo dezenas de pessoas. Participo
há anos como ator do espetáculo, e agora tenho a honra de participar, também, como prefeito
municipal”, pontua.
O prefeito de Sério, Moisés de Freitas, esteve representando a Associação dos Municípios de Turismo dos Vales (Amturvales). Ele destacou a importância de ações para fomentar o turismo. “Nosso Vale entendeu que o turismo é a chave para o desenvolvimento e Muçum está de parabéns em incentivar ações como a Paixão de Cristo”, observa. Desde 2002, a Paixão de Cristo é coordenada pelo mesmo grupo de pessoas e a cada ano, o desafio em trazer novidades é necessário. Na edição deste ano, o público foi surpreendido por novas cenas, figurinos e grandes investimentos em sonorização, efeitos e iluminação.
A preocupação com a harmonia dos ambientes estava em cada canto do Morro da Matriz: na iluminação, nos figurinos caprichados e na expressão dos atores. Mas acima do teatro estava a mensagem que os organizadores queriam deixar para os espectadores. “O sentido da evangelização é seguir Jesus. E isso, colocamos com amor e dedicação todos os anos”, expôs o diretor do espetáculo, Ranieri Moriggi. Emocionado, ele relembrou a caminhada de duas décadas a frente da encenação. “Se me perguntassem, lá no início, como eu imaginaria a Paixão de Cristo, eu
jamais imaginaria que chegaríamos nesse patamar. Somente com muito trabalho, empenho, desprendimento e dedicação de cada um dos envolvidos, é que conseguimos construir um espetáculo desse porte”, afirma.
Preparação iniciou em janeiro
A preparação do espetáculo começou há quatro meses, ainda no começo do ano, e exigiu a entrega dos envolvidos. “Encarar o papel de Jesus é um desafio constante. Mas a gente sabe que o espetáculo acontece com a união de todo o grupo. É uma experiência indescritível. A emoção que o espetáculo proporciona é única. Este foi o ano em que eu mais me emocionei. Ver as pessoas vindo ao final da apresentação elogiando tudo o que fizemos é gratificando. Mais ainda, é ouvir de uma criança que está fazendo catequese, que a encenação o ajudou a entender ainda mais esse momento que Jesus passou.
O teatro em si leva para as pessoas o entendimento da missão de Jesus”, disse Christian Rodrigues, que interpretou Jesus Cristo. A ansiedade fez companhia nos bastidores, apesar de toda a história e tradição deste evento religioso. “Me sinto uma pessoa privilegiada em poder interpretar Maria. Uma mulher que teve uma grande missão a cumprir e a fez com maestria. Gerar, instruir, educar e estar ao lado do Salvador Jesus na maior prova de amor que alguém poderia realizar, dar a vida em sacrifício pela humanidade. Interpretar Maria a mãe de Jesus, uma mulher que superou obstáculos, quebrou barreiras, venceu adversidades e se manteve de pé, pela fé que possuía, sem sombra de dúvida marcou minha vida e me edificou como pessoa, mãe e mulher”, descreveu Fabiana Todescatto Bagnara.
Mesmo sendo a mesma história contada durante todos estes anos, o espetáculo sempre procura abordar ângulos e passagens diferentes. “É difícil descrever a emoção moção sentida durante a apresentação. Um grupo de pessoas, sem formação artística, conseguir paralisar um público tão grande por mais de duas horas é algo indescritível”, disse Elisa Furlanetto, atriz que interpretou Cibória, a mãe de Judas Iscariotes.
O teatro religioso, que retratou os últimos dias de Jesus antes de sua morte e ressurreição, começou com uma cronologia do nascimento de Jesus e seguiu até a ressurreição. Cenas que agradaram e emocionam quem assiste da plateia.
Auto de Natal deve ser retomado em dezembro
No final do espetáculo, o diretor da peça anunciou a retomada da encenação de Natal. Segundo Moriggi, a expectativa é de que o teatro ocorra no final de semana que antecedem as festividades natalinas. “Vamos conversar, desenhar as possibilidades e, se depender da AMA, certamente retomaremos o espetáculo. Fizemos apenas em 2015 e, depois disso, não conseguimos mais. Acho que após dois anos parados, o pessoal se empolgou e deve aceitar, mais uma vez, nosso convite”, explica.
Assessoria de Imprensa/Associação Muçunense de Artes/Divulgação
Fotos: Fernando França