Médicos de Lajeado e de vários municípios, além de gestores municipais de diferentes regiões do Estado participaram, nesta terça-feira (07.07), de uma videoconferência que abordou a adoção de Protocolo Regional para tratamento precoce de pacientes com Covid-19. O encontro virtual foi organizado pela Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e teve coordenação do presidente da entidade, Celso Kaplan.
O protocolo prevê a prescrição de cloroquina/hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, dipirona e zinco, além de vitamina D, a pacientes que estejam na fase inicial da contaminação por coronavírus. A recomendação causa polêmica pelos efeitos colaterais da cloroquina, pelo conjunto de medicamentos ainda não ter sido referendado cientificamente e por questões políticas.
Para o do procurador da República – Regional de Bento Gonçalves, Alexandre Schneider, médico e paciente devem ter autonomia para definir o tratamento. “Não cabe ao gestor decidir sobre o tratamento. Cabe ao sistema que os cidadãos tenham direito de receber o tratamento”, ponderou. Na macrorregião da Serra, o protocolo de tratamento precoce já está em vigor desde a última segunda-feira (06.07).
A médica psiquiatra Márcia Ilha, de Porto Alegre, afirmou que ninguém é a favor que as pessoas se automediquem quando há suspeita de contaminação. “Somos a favor de um bom diagnóstico e uma avaliação para ver qual medicação usar. É preciso ter a liberdade na hora da prescrição e que as pessoas tenham acesso a isso”, observou. A médica pneumologista Alla Dolganova, também da capital, apresentou dados de Belém, no Pará – onde o sistema de saúde colapsou – e de cidades do interior do Maranhão e de São Paulo, que fizeram uso do tratamento precoce e não enfrentaram problemas com superlotação de UTIs. “Então eu pergunto: por que não usar?”, questionou.
Já o médico Márcio Müller, de Gramado, apresentou a realidade da cidade. Ele destacou que os profissionais acreditaram que era possível haver uma maneira de tratar a doença e não esperar que ela ficasse mais severa, a ponto de os pacientes precisarem de suporte ventilatório. “Avaliem muito bem o tratamento precoce: é uma maneira de diminuir o colapso do sistema de Saúde, que pode estar chegando à nossa porta.”
A equipe de profissionais de Saúde de Lajeado foi representada pelos médicos Sandra Cabral, Luiz Fernando Kehl, Régis Dewes e Fernando Bertóglio. Hoje, cerca de 130 médicos estão envolvidos na observação dos casos de Covid-19 no município, um dos primeiros a ter surtos da doença, especialmente em frigoríficos, e permanecer em bandeira vermelha no início da pandemia. A médica Sandra Cabral apontou que é a favor do tratamento da Covid-19 em todas as fases. “No início da doença, que se mostrou com surtos aqui na nossa cidade, surgiu uma inconformidade.
Tivemos a visão que podemos, sim, intervir no início. O paciente tem que ter opção pelo tratamento precoce porque a ciência tem que ter seu tempo para desenvolver a vacina. O que queremos, agora, é evitar o paciente grave”, enfatizou.
Para o médico Luiz Fernando Kehl, o kit de cloroquina/hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, dipirona, zinco e vitamina D, é fundamental. “Estamos garantindo que não haja gravidade e não se precise de entubação”. Já o médico Régis Dewes afirmou que não entende a polêmica contra o uso da hidroxicloroquina. “Não encontro motivos para não utilizar. Seus efeitos colaterais já são conhecidos. Ela já era usada antes, por que não pode ser usada agora? Vamos ficar mais um ano e meio esperando a vacina?”, questionou.
O presidente da Amvat, que fez o encerramento da videoconferência, comparou a pandemia a tempos de guerra. Ele salientou que ninguém está impondo o tratamento precoce, mas ele surge como uma opção. “Em tempos de guerra, essa é uma oportunidade do paciente tomar a medicação, junto com a avaliação do médico. Essa videoconferência teve o objetivo de amparar nossas associações para implantação deste protocolo. Queremos poder agir e não só dizer que a população deve ficar em casa e ficar aumentando leitos de UTI. A população não aguenta mais esse discurso de ficar em casa”, finalizou Kaplan.
Cerca de 150 pessoas participaram da videoconferência, entre elas, prefeitos da Associação dos Municípios do Alto Jacuí (Amaja), Associação dos Municípios do Vale do Rio Caí (Amvarc), Associação dos Municípios do Alto da Serra do Botucaraí (Amasbi), Associação dos Municípios do Vale do Rio do Sinos (Amvars) e Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp). Também houve manifestações, durante o encontro, dos senadores Luis Carlos Heinze e Lasier Martins.
Assessoria de Imprensa