No mês que se comemora o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, o serviço estrelense trabalha para manter vínculo com usuários
Será comemorado na próxima segunda-feira (18.05) o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Em Estrela, sempre marcada por atividades especiais de integração e conscientização da causa por parte do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), a data este ano não terá nenhuma ação coletiva em razão da pandemia do coronavírus. Em compensação, apesar das restrições impostas pelo combate a Covid-19, o serviço segue no auxílio e tratamento de pessoas com sofrimento ou transtorno mental, embora agora os trabalhos estejam cercados de cuidados extras.
A unidade do centro, que fica ao lado da Praça Menna Barreto, na Rua 13 de Maio, nº 378, continua de portas abertas. Cuidados com o uso de EPIs, máscaras, distanciamento e higienização são tomados. A distribuição de receitas e medicamentos prossegue, assim como o acompanhamento presencial de alguns pacientes, no próprio Caps ou mesmo em visitas a domicílio, como quando há a necessidade da aplicação de medicações injetáveis e o auxílio na organização da medicação dos usuários mais comprometidos, conforme explica a enfermeira do serviço, Débora Martins. O acompanhamento psicológico por telefone dos enfermos em psicoterapia e dos participantes dos grupos de saúde mental também se torna fundamental. “O telefone é o único meio que dispomos para um atendimento não presencial, já que a maior parte de nosso público não dispõe de recursos tecnológicos para, por exemplo, um atendimento online”, explica a psicóloga e coordenadora do Caps Estrela, Roberta Schwingel.
Para a coordenadora, o dia 18 é uma data sempre muito aguardada por todos. “Lamentamos que neste ano não podemos promover uma comemoração de integração com outros serviços, usuários e comunidade. Faltam os abraços, as demonstrações de carinho, que são tão importantes para nós e para nossos usuários. O período pós-pandemia também já preocupa a equipe”, avalia. “Percebemos que os usuários estão mais agitados e emotivos neste período. É normal que todos estejam em estado de alerta, preocupados, confusos, estressados e com sensação de falta de controle diante das incertezas do momento. Por isso acreditamos que os casos de saúde mental após a pandemia poderão aumentar significativamente, exigindo do serviço uma capacidade ampliada de atendimento”, diz ela, ao citar que um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre um terço e metade da população exposta a uma epidemia tem sim o potencial de desenvolver manifestações e transtornos psicopatológicos caso não seja feita nenhuma intervenção de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados. “É preciso aprender a conviver com este evento que afeta a saúde mental como um todo. Esse período nos convida a refletir e a ressignificar a vida, os modos de ser, de se relacionar, de julgar e valorizar o mundo. Este pode ser o aspecto esperançoso e positivo, se soubermos afrontar essa pandemia.”
Texto: Rodrigo Angeli
Fotos: Rodrigo Angeli/Prefeitura de Estrela
Assessoria de Imprensa Prefeitura de Estrela