

Quem passa pela propriedade do casal de agricultores João Antônio e Cladir Giacomini, da localidade de Linha Oeste, em Putinga, fica admirado com a limpeza do local. Gramado bem cortado, estradas cuidadas, jardim organizado, dois açudes despoluídos e com peixes, tudo arrumado, num ambiente convidativo. O capricho do casal se estende aos 12 hectares plantados de erva-mate, que recebem o mínimo possível de agrotóxicos e que são manejados com a adoção de coberturas verdes, de caldas naturais e de árvores para sombreamento e para quebra-vento, entre outras técnicas
“Eu gosto é do arvoredo” comenta João Antônio com orgulho ao mostrar os pés de erva-mate que se misturam com outras espécies de plantas – algumas nativas – e com a grossa palhada, num modelo muito próximo do adotado no sistema agroflorestal. Só que ele mesmo lembra que nem sempre foi assim e que tudo começou a mudar há cerca de seis anos, quando a família se tornou beneficiária da Chamada Pública da Sustentabilidade – que era operacionalizada pela Emater/RS-Ascar por meio de convênio com o Ministério do Desenvolvimento (MDA) do Governo Federal.
O agricultor recorda que, na época, utilizava muito herbicida. “Eram pelo menos três aplicações por ano, que se somavam a outras tantas que adotávamos na lavoura de fumo”, enfatiza. Hoje, a área plantada com tabaco já não existe mais e a participação em cursos, capacitações, tardes de campo e outras atividades, fez com que a família mudasse a sua percepção em relação às formas de cultivo. “Na verdade, era a nossa saúde que estava em jogo”, pondera Cladir, que valoriza a aproximação com o serviço de assistência técnica e extensão rural que foi fundamental para a transformação vista na propriedade
“A verdade é que eles sempre foram muito interessados e tiveram a coragem de aceitar sugestões e de modificar aquilo que talvez não fosse tão adequado”, observa o extensionista da Emater/RS-Ascar de Putinga, Dario Pedrinho Busch. Ao lado da extensionista Janes Mezacasa, Dario também trabalhou o Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar – outra política pública operacionalizada pela Emater/RS-Ascar, esta por meio de convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) do Governo do Estado.
“O caso é que, além de participar diretamente destes e de outros programas, bem como de seus cursos e palestras, João Antônio sempre foi muito autodidata”, salienta Dario. Foi pesquisando em outras propriedades e tomando contato com outros agricultores, que o produtor implantou em meio ao erval um sistema de bacias de contenção com o objetivo de reter a água da chuva, evitando assim a erosão e o assoreamento do solo. “Dessa forma a adubação fica na lavoura e a água se infiltra lentamente, o que também garante a manutenção da estrada”, destaca o extensionista. No local também há duas fontes protegidas, que asseguram a abundância do recurso natural.
Para o supervisor da Emater/RS-Ascar Cezar Burille, a propriedade dos Giacomin serve de modelo para outros agricultores. “Aqui se percebe não apenas os cuidados com a produção limpa, que se estende a horta e ao pomar da família, mas também a gestão dos recursos” frisa. Não por acaso, a família – completada por uma filha e pelo genro, que residem em outra casa na propriedade – saltou de uma produção de 500 arrobas de erva-mate por hectare em 2012, para mais de 1000 arrobas após seis anos e com o mínimo possível de doenças relatadas. A produção é comercializada para duas ervateiras locais “É um conjunto de ações sustentáveis e que dão resultado”, finaliza Dario.
Texto: Ascom Emater/RS-Ascar – Regional de Lajeado