

Cerca de 50 arquitetos e urbanistas participaram do projeto Reciclagem Profissional 2018 que a Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil/RS (AAI Brasil/RS) promoveu na tarde desta sexta-feira (14) na sede da Seavat, em Lajeado. Ministrada pela presidente da entidade, Flávia Bastiani, e pela vice-presidente, Gislaine Saibro, a oficina abordou questões relacionadas à execução das atividades de projeto e execução de Arquitetura de Interiores e apresentou o aplicativo calculAAI, cujo propósito é auxiliar na gestão dos escritórios a partir do cálculo das despesas e da fixação dos honorários a serem cobrados na prestação dos serviços. A atividade foi prestigiada pelos representantes do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS), Rodrigo Spinelli, e da Seavat, Cátia Berteli.
Flávia ressaltou que a Arquitetura de Interiores consiste na intervenção em ambientes internos e externos pela qual se definem a forma de uso do espaço, acabamentos, mobiliários e equipamentos. “Não é simplesmente decoração e não é exclusivamente para área residencial”, esclareceu. Trazendo dados do censo aplicado no Brasil pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo em 2015, ela destacou que o país contabiliza cerca de 143 mil arquitetos, dos quais 20% estão na Região Sul, onde se localizam 2.026 empresas da área. Desse total de profissionais, 64% são mulheres e 73% têm até 30 anos, sendo que a renda média é de até cinco salários mínimos. Nesse cenário, segundo Flávia, o que se observa é um grande número de profissionais autônomos, sem empresa efetivada e que necessitam de apoio para o exercício qualificado de seu ofício.
E auxiliar na gestão desses pequenos negócios é uma das atribuições da AAI Brasil/RS, a qual preza pela valorização da profissão e incentiva a qualificação dos arquitetos que atuam em Arquitetura de Interiores, além de divulgar a produção dos associados, esclarecer regras e normas e orientar para as melhores práticas. Entre as ações desempenhadas, a presidente destacou o AAImaisperto, AAIporaí, AAIeditorial e o aplicativo calculaAAI. A entidade também disponibiliza em seu site o e-book do Guia de Orientação Profissional (GOP), onde se encontram informações relativas ao cálculo do Valor Hora, contratos profissionais, legislações, responsabilidades, Código de Ética e conceituações de atividade técnicas.
Para a AAI, é essencial que os associados se preocupem com o planejamento do escritório e o vejam com um negócio que necessita de uma correta administração. “Não adianta falar só de honorários. Tem que pensar em gestão também”, apontou Flávia. O arquiteto deve ter ciência de carreira, marketing, reputação, imagem, processos, documentação, contratos e controle de receitas. Na sua avaliação, todos esses pontos passam pela definição do valor a ser cobrado pelos serviços, especialmente para que o preço estipulado não seja inferior aos custos de operação do negócio, para que este se mantenha sustentável. Flávia afirmou: “Ter processos para administrar um escritório é muito importante, para que a gente consiga avaliar os custos e possa ser mais competitivo”.
O aplicativo
O calculAAI é um aplicativo elaborado pela entidade para o cálculo do Valor Hora do escritório e dos honorários a serem cobrados por projeto e execução de projeto de Arquitetura de Interiores. Conforme Gislaine, ele foi idealizado considerando um trabalho de oito horas por dia em 21 dias úteis e despesas de profissionais pessoas físicas, as quais constituem o perfil dos associados da AAI Brasil/RS.
Demonstrando na prática a ferramenta, ela realizou um exercício coletivo no qual foram simulados os custos de um escritório hipotético. Mapeando despesas mensais com ocupação, comunicação, divulgação, pessoal, pró-labore, serviços de terceiros, gerais e tributárias, ela chegou ao Valor Hora do arquiteto, do estagiário e do escritório que, somados, representam o valor hora, com base no custo médio padrão daquele negócio e que deve servir para a projeção dos honorários. “É muito importante que a gente tenha domínio de tudo isso para que possa planejar e fazer uma gestão minimamente organizada dentro dos nossos escritórios. Essa é a grande noção que precisa ficar para todos nós”, salientou.
A partir do Valor Hora, o aplicativo também aponta o valor ideal a ser cobrado acrescentando outras variáveis específicas, como tempo, despesas variáveis, risco e lucro. Há também que se dar atenção ao escopo, pois cada profissional tem o seu jeito de trabalhar e desenvolver cada etapa dos processos de concepção e execução. Todos esses detalhes precisam estar bem definidos no contrato e devem ser incluídos no cálculo dos honorários. “São esses escopos que vão determinar o tempo que vamos dedicar para cada trabalho”, preveniu Gislaine. O calculAAI está disponível para download nos sistemas iOS e Android ao custo unitário de R$ 16,00. Mais informações podem ser obtidas no site www.aairs.com.br.
Dicas
Como mensagem final, Flávia atentou para a importância de sempre transparecer as vantagens da contratação de um arquiteto, o qual deve ser visto como uma solução: “Não é de preço que se fala, é de benefício”. A presidente ainda lembrou que na determinação dos honorários é necessário que se considere também as despesas variáveis, avaliando onde reduzir custos e prevendo pontos críticos de retrabalho, garantindo o controle do processo e do tempo. Ela alertou: “Não existe situação ideal. Todos os dias a gente tem que fazer um pouquinho para chegar onde se quer”.
O projeto Reciclagem Profissional 2018 tem o patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS) e conta com o apoio de Seavat, AsBEA RS, Saergs, IAB RS, Sindividros, Imed e UniRitter.
Texto: Ascom Lajeado