

Em março deste ano, conforme o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), 66.808 veículos fizeram parte da frota de Lajeado, dos quais 37.630 são automóveis. Conforme o último Censo, realizado em 2010, a população de Lajeado é de 71.445 habitantes.
O crescimento da frota, principalmente de veículos particulares, é um fenômeno percebido ao longo dos anos. O avanço dos números, conforme especialistas e autoridades no assunto, resulta do aumento da renda da população (especialmente da classe C), das reduções fiscais do governo federal e da facilidade de crédito promovida pelos bancos.
“A grande quantidade de veículos com certeza influencia na poluição do centro da cidade. Se pudéssemos trocar a gasolina utilizada por biometano ou por outra energia renovável, como o etanol, os impactos vinculados às emissões diminuiriam consideravelmente”, afirma o professor Odorico Konrad.
Konrad é coordenador de um estudo realizado por acadêmicos e professores da Univates que busca, por meio de testes e análises, avaliar a similaridade entre o biometano (GNVerde) e o gás natural (GNV) utilizado em motores veiculares. Tanto o GNVerde como o GNV não poluem tanto quanto a gasolina. A diferença, porém, é que o GNVerde é renovável, tornando-se mais uma alternativa de biocombustível ao consumidor.
O projeto de pesquisa “Testes de desempenho, emissões e operação de biometano e GNV em motores convencionais” iniciou suas atividades em 2014. A Univates, em parceria com o Consórcio Verde Brasil e com o apoio da Companhia de Gás do Estado (Sulgás), teve papel importante para que a Resolução do Biometano fosse chancelada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
De que forma?
Para criar a Resolução do Biometano, a ANP utilizou os dados coletados pelo projeto de pesquisa da Univates, ou seja, a Instituição ofereceu suporte técnico e científico para que o chancelamento fosse feito. A Resolução estabelece a especificação do biometano de origem nacional que poderá ser comercializado no Brasil.
Conforme o professor Odorico Konrad, a pesquisa que compara o gás natural ao biometano como combustível veicular é única no País. “Nosso objetivo é avaliar as emissões e comparar os dois combustíveis. Se fomos os primeiros a compará-los, também podemos ser os melhores nessa pesquisa. Nosso próximo passo é aproximar a pesquisa da engenharia mecânica”, conta.
Processo de Produção do Biometano
O biogás é uma mistura de gases resultantes do processo de degradação de diferentes biomassas. No Brasil normalmente se utilizam biomassas residuais como os dejetos de animais e outros substratos orgânicos para a geração de biogás. Esse biogás, quando purificado, é chamado de biometano (GNVerde), apresentando em sua composição um teor na faixa de 96% de metano.


Alternativa para transportes rodoviários
Em um momento de dependência de gasolina e álcool, o biometano é uma alternativa ainda mais interessante. Nesta terça-feira, 29, por exemplo, a equipe do Laboratório de Biorreatores do Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates) abasteceu na Cooperativa Ecocitrus, pioneira na produção de biometano no Rio Grande do Sul. “Essa alternativa converge para a autonomia e a descentralização energética”, lembra o professor Konrad.
Texto: Ascom Univates