Desde o mês de agosto as agroindústrias familiares de pequeno porte do município de Pouso Novo podem comercializar produtos de origem animal – como queijos, salame, mel e ovos – para todo o Estado. A notícia que confirmou a adesão ao Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (SUSAF/RS), foi celebrada por integrantes da Emater/RS-Ascar, da Prefeitura e pelos empreendedores como uma grande conquista, que possibilitará alavancar as vendas para além dos limites geográficos do município.
A médica veterinária e coordenadora do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) do município, Kelly Fernanda Campos José, explica que o processo iniciou há aproximadamente um ano e meio, quando ainda não havia nada do ponto de vista documental, que pudesse comprovar que as atividades eram realizadas de maneira correta. “Foi um desafio não apenas para a administração municipal, mas também para os estabelecimentos envolvidos no processo, com muitos deles tendo de se adequar e até fazer alguns investimentos, para que este embasamento legal pudesse ser constituído”, comenta.
O extensionista da Emater/RS-Ascar, Charles Fantin, recorda as reuniões realizadas ainda no ano de 2010, com direito a visita de grupos de produtores interessados em implantar agroindústrias familiares, a empreendimentos de Venâncio Aires. “Muitos agricultores abandonaram o processo no caminho, já que se adequar à legislação também significa cumprir uma série de obrigações”, ressalta. Fantin lembra que enviar o fato de que enviar o pedido para o Estado solicitando a adesão é fácil. “Já atender as exigências é outra etapa do processo e que exige força de vontade de todos os atores envolvidos”, salienta.
A empreendedora Floraide Ferrari, da localidade de Picada Taquari, é uma das que recebeu a notícia com alegria. “Por mais que tivesse a segurança de que tudo estava bem encaminhado, acabava ficando ansiosa, estressada, enquanto a confirmação da adesão não vinha”, lembra. Responsável pela agroindústria familiar de ovos coloniais que leva o sobrenome da família, Floraide verá, com a adesão ao SUSAF, o volume de negócios dobrar. “Tínhamos potencial para entregar mais de 160 dúzias de ovos ao dia, mas, com a comercialização restrita aos limites do município, alcançávamos no máximo a metade disso”, pondera.
Produzindo ovos coloniais desde 2010, Floraide tem um motivo a mais para comemorar a confirmação da adesão do Sistema, em Pouso Novo. “Quem sabe assim a minha filha poderá dar continuidade ao nosso trabalho”, celebra. “Eles sempre foram muito responsáveis, compromissados e a tendência agora é de fortalecimento do empreendimento, com grande perspectiva de aumento de renda e de esforço recompensado”, ressalta Kelly. No município, outras duas agroindústrias – para comercialização de queijos e embutidos – deverão se adequar para formalização de atividades em todo o perímetro do Estado.
Para o assistente técnico estadual em Organização Econômica da Emater/RS-Ascar, Alano Tonin, a possibilidade de sucessão familiar e de aumento de renda são dois benefícios previstos pelo programa. “E, com um serviço eficiente e bem organizado, quem também ganha é o consumidor que passa a ter a garantia da aquisição de produtos de alta qualidade”, frisa. Por outro lado, Tonin lembra o fato de o poder público também ser beneficiado, com o aumento do retorno fiscal. “É um sistema que exige um trabalho forte de parceria sendo que, no fim, todos ganham”, completa o prefeito de Pouso Novo, Aloísio Brock.
Na região de abrangência do Escritório Regional de Lajeado da Emater/RS-Ascar, oito municípios já tiveram a adesão ao Susaf publicada no Diário Oficial, sendo eles, Feliz, Salvador do Sul, São José do Sul, Taquari, Encantado, Nova Bréscia e Lajeado, além de Pouso Novo. “Outros tantos enviaram o pedido e estão passando por adequações”, destaca Tonin. Para ele a padronização dos serviços de inspeção aumenta a segurança para quem consome. “A única questão que ainda preocupa envolve algumas exigências que fazem com que o Susaf tenha o mesmo rigor do Cispoa”, explica. “A diferença é que o primeiro é direcionado a agroindústrias de pequeno porte, que poderão ser inviabilizadas, caso haja muito rigor”, finaliza.
Texto: Ascom Emater