A quarta etapa do Circuito de Gestão da Inovação no Agronegócio, realizado na terça-feira (1º), em Passo Fundo, debateu três visões ligadas ao leite: gestão, pesquisa e mercado. O evento, que reuniu técnicos, produtores e lideranças, foi organizado pelo Instituto de Educação no Agronegócio (I-Uma), com apoio técnico da Emater RS-Ascar, na Casa Santa Cruz.
O zootecnista e assistente técnico da Emater RS-Ascar, Jaime Ries, apresentou o Programa Estadual de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar, da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), e mostrou sua interligação com a produção leiteira. “Estima-se que cerca de 70% das propriedades selecionadas no Programa de Gestão têm o leite como sua principal atividade econômica”, disse.
Segundo ele, a execução do programa apontou resultados como o aumento de renda e de escala de produção. “Os produtores têm volume diário pequeno de leite e, para a indústria, esse é um fator de exclusão do processo. Então, buscamos alavancar a escala de produção, garantir a qualidade do leite e reduzir a penosidade do trabalho”, explicou Ries.
O analista da Embrapa Pecuária Clima Temperado, Sérgio Elmar Bender, mostrou as ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a atividade leiteira. “No ano passado, completamos 20 anos de pesquisa. Essa é uma oportunidade para divulgar aos profissionais e aos produtores tudo o que a pesquisa tem a oferecer”, disse.
Já o secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat RS), Darlan Palharini, apresentou a visão de mercado e a competitividade do setor leiteiro. “O segmento passa por algumas dificuldades, principalmente em relação ao preço. Mas o preço é um dos problemas. A competitividade é outro. Os produtos importados têm qualidade idêntica à nossa, com preço menor. A produção gaúcha é baixa em relação à da Argentina e do Uruguai, por exemplo, considerando produção/produtor/ano”, avaliou Palharini.
Para ele, a sugestão do Sindilat RS é a criação, junto ao governo federal, de um instrumento do estoque regulador. “Daria uma garantia ou uma volatilidade não tão grande em relação ao preço ao produtor. Além disso, seria importante que o governo fizesse as compras governamentais, principalmente para mercados institucionais, como a alimentação escolar. Temos que discutir esse assunto, porque se não, no ano que vem, se repetirá”, destacou. Ele alertou, ainda, sobre o abandono da atividade leiteira por parte dos produtores, o que já vem ocorrendo.
Para o gerente regional da Emater RS-Ascar Passo Fundo, Oriberto Adami, o evento foi de grande importância para a discussão e a aproximação de produtores técnicos e lideranças ligados ao setor leiteiro. “A parceria com o I-Uma vem somar aos esforços que vem sendo feitos e traz mais conhecimento. Estamos abertos a novas parcerias, tanto da iniciativa privada ou pública. O conhecimento e a linguagem devem ser unificados, porque o que importa para o produtor é o resultado. Sem resultado não tem renda nem sucessão familiar”, ressaltou.
O secretário de Relações Institucionais de Passo Fundo, Edson Nunes, que representou o prefeito Luciano Azevedo, destacou a importância do evento, em especial na semana em que o município comemora seu aniversário de 160 anos. “Essa é mais uma agenda positiva que acontece no município, em especial com um tema tão importante para a região como é o leite”, afirmou.
As próximas etapas do circuito acontecem nos municípios de Bagé (em 29 de setembro) e Camaquã (em data a definir).
Texto: Ascom RS