Vivendo um momento não muito favorável por conta da retração do consumo, a erva-mate segue com preços baixos pagos aos agricultores pela arroba. “Isto fez com que muitos produtores, com a intenção de driblar a crise, optassem por montar pequenas indústrias ervateiras com vistas a agregar valor”, salienta o presidente do Ibramate, Valdir Zonin. Assim, somente na parte alta, foram implantados mais de 30 novos empreendimentos, nos últimos dois anos, o que também puxou para baixo o valor de venda, por conta do aumento da oferta do produto industrializado.
Como se fosse uma espécie de “bola de neve” essa condição também reflete uma queda generalizada da qualidade da matéria-prima, com ervais mal manejados, ou mesmo erradicados. Ainda assim, de acordo com Zonin, o cenário não é de “terra arrasada”, uma vez que a melhoria geral do processo industrial — seja na produção de erva-mate, de chás, de bebidas ou mesmo para usos em cosméticos ou em gastronomia — se constitui como um dos pontos positivos. “O mesmo valendo para a evolução da qualidade das mudas com o surgimento de bons viveiros”, analisa o presidente do Ibramate.
Da mesma forma o trabalho em parceria entre as mais diversas entidades — entre elas a Câmara Estadual da Erva-Mate, o Fundo de Inovação e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Erva-Mate (Fundomate), a Escola de Chimarrão de Venâncio Aires, e as já citadas Emater/RS-Ascar e Ibramate —, bem como a adoção de boas políticas públicas, caso do Programa Estadual de Melhoria da Qualidade da Erva-Mate, da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR/RS), ao lado de outras leis, decretos, portarias e resoluções, podem significar muito em termos de avanços para o setor.
Texto: Ascom Ilópolis
De acordo com o técnico agrícola da Emater/RS-Ascar Fabiano Zenere, desafios relacionados à estabilidade da produção e também relativos à qualidade do processo, passando por semente, muda, matéria-prima até o produto final, certamente contribuirão para a obtenção de uma erva-mate mais sustentável, verde, saborosa e abundante. “De nada adianta pensar somente em quantidade de folha se esta não for natural, sombreada ou fruto de um bom manejo”, analisa Zenere. “Somente com qualidade conseguiremos incentivar o consumo interno, abrir novos mercados e atrair novos consumidores”, completa.
A mateada contou com a presença de diversas autoridades, entre elas o prefeito de Ilópolis, Edmar Rovadoschi, vice Fernando Dapont e secretário executivo do Ibramate, Roberto Ferron, além de secretários municipais e outras autoridades. Por meio destas e de outras lideranças é que se pretende construir junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um padrão de erva-mate a partir da capacitação de agricultores, viveiros e indústrias. A medida visa corrigir problemas pontuais, garantir qualidade e confiabilidade ao consumir e expandir mercados.