Desenvolvimento é um dos conceitos “com mais possibilidades de alimentar diálogos (ou confusões)” seja na esfera acadêmica ou política. Por um considerável período de tempo (e em alguns casos ainda hoje) o conceito de desenvolvimento é atrelado ao crescimento econômico das nações, estados ou municípios.
Se por um lado, o crescimento econômico é indispensável para o processo de desenvolvimento, por outro lado, não é garantia. Um exemplo é a China, que ocupa o 2º lugar no ranking dos países mais ricos do mundo, mas fica na 90º posição no Índice de Desenvolvimento Humano, que leva em conta além da renda, saúde e educação. Logo, observam-se novos aspectos sendo relacionados ao desenvolvimento, a exemplos: saúde, educação, lazer, respeito ao meio ambiente, entre outros.
Território por sua vez, é um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo cidades e campos. Sua representação coletiva é baseada na integração das dimensões geográficas, econômicas, sociais, culturais e políticas. Pode ser visto como uma arena de diálogo e negociação, isto é, um espaço onde os atores estabelecem relações de conflito e cooperação. A identidade territorial permite uma cooperação mais estreita entre os atores presentes, facilitando a busca de sinergias entre os diversos atores.
Neste mesmo sentido, a abordagem territorial para o desenvolvimento rural propõe que as decisões e iniciativas devem ser pensadas e realizadas localmente, sejam elas da esfera econômica, política, social, cultural ou outras. O desenvolvimento territorial rural almeja o fortalecimento das condições, pelas quais os territórios alcançam capacidade e governança para determinar e controlar seus projetos de desenvolvimento, ou as trajetórias econômicas e políticas estimadas por suas populações.
Para o sucesso deste processo que busca um desenvolvimento rural apoiado na abordagem territorial é importante que os territórios tenham consciência de que ali serão constituídos alicerces de seu próprio desenvolvimento. Logo, alcançarão uma visão crítica dos problemas de cada unidade e com o foco voltado para uma melhor qualidade de vida de sua população. Além disso, nesse processo rural e urbano não podem mais serem vistos como segmentos separados e isolados, visto que relações sociais, institucionais e mercantis ocorrem entre os mesmos.
Nessa proposta de desenvolvimento a partir do território, nós cidadãos e cidadãs não somos mais sujeitos passivos, alvos de políticas e ações, mas sim profissionais autônomos com condições de pensar e atuar no processo de desenvolvimento territorial, bem como de demandar as ações e políticas públicas que desejamos ver executadas em nossa região.
Por fim, ficam as questões: Você é um sujeito ativo ou passivo no processo de desenvolvimento da nossa região? Como você se insere na sua comunidade e nesses espaços de debate?
Boa semana!
Referências bibliográficas:
AMARO, Rogério. Desenvolvimento: um conceito ultrapassado ou em renovação? Da teoria a prática e da prática a teoria. Cadernos de estudos africanos, Lisboa, n.4, p.36-68, 2003.
DELGADO, Nelson G. A importância do território como alternativa de desenvolvimento em um contexto de globalização. In: MIRANDA, Carlos; TIBURCIO, Breno (Org.). Reflexões sobre políticas de desenvolvimento territorial. Brasília: IICA, 2010.
Cândida Zanetti – Bacharel em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial (UERGS) e Mestre em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS). Atualmente Assessora Territorial de Inclusão Produtiva do CODETER VT.