Semana passado falei sobre a necessidade do povo brasileiro mudar a cultura da passividade política no que diz respeito a esperar tudo pelo poder público. Obviamente este círculo vicioso beneficia quem está no poder e perpetua essa situação através da burocracia estatal que mantém o povo refém dos (des)mandos e regras do Estado.
Pois na mesma semana que refletimos sobre isso, uma manifestação de um amigo em rede social me chamou a atenção. O conteúdo da postagem tinha relação com a nova concessão das estradas federais em planejamento pelo governo federal, mais especificamente sobre a BR-386, no perímetro que atinge o Vale do Taquari com novas praças previstas para Fazenda Vilanova e Nova Santa Rita, fora os já existentes.
Pois bem, debates sobre a necessidade ou não de estradas com pedágios a parte, me ative a uma frase de chamada para a mobilização contra os pedágios: “O Vale do Taquari não merece isto”, inclusive comentei na mesma postagem o seguinte: “Um Vale que não tem capacidade de união para eleger um deputado estadual e um federal tu achas mesmo que não merece isto?”
Eis aí o que busco para a reflexão de lideranças políticas da região e que ouço há anos que vai mudar, mas nunca muda. O Vale do Taquari, dito terceiro vale mais fértil e produtivo do planeta, não consegue o principal, unir as pessoas e suas forças que o façam ainda mais forte e competitivo também politicamente. Do que adianta termos riquezas naturais e produção de excelência em diversas áreas se ainda temos que correr atrás desse tipo de prejuízo imposto pelo poder público ao trabalho que executamos?
Isso na realidade é muito pior do que se não tivéssemos todo esse potencial natural e humano. Pois é uma consequência do individualismo e do egoísmo político que temos em nossa região. A disputa de beleza e poder, os preconceitos enraizados e a falta de participação efetiva e coletiva na busca do bem comum fazem o Vale do Taquari perder espaço importante na economia global. Parece que não temos vontade suficiente das pessoas que bradam para todos que temos um vale forte e tentam mobilizar as pessoas em horas de apuros como estes.
O problema é estrutural, é cultural e difícil de ser resolvido. Mas não impossível, a reunião de boas ideias e boas práticas políticas, realizadas por verdadeiras lideranças que esqueçam das mazelas municipais e rivalidades eleitorais que apequenam nosso vale é uma das soluções para essa equação, que aliada a outras que alterem essa cultura do brasileiro, poderá finalmente alavancar nosso vale não só na fama de produção, mas também no cenário político regional. Que o Vale do Taquari tenha noção do seu tamanho, mas somente quando tiver noção do que é união.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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