Em 1900, a expectativa de vida no Brasil era de 33,7 anos. Atualmente, esse indicador tem apontado expectativa de cerca de 75,4 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, em pouco mais de 11 décadas, o tempo de esperança de vida ao nascer mais do que dobrou. Dessa forma, não é importante olhar só para a vida em sua quantidade, mas, principalmente, para a qualidade – que compreende aspectos como saúde, poder aquisitivo e lazer, por exemplo.
Para identificar o perfil do idoso no Vale do Taquari e realizar ações que promovam uma melhor qualidade de vida para esse público, a Univates desenvolve o projeto de extensão
“Ações Sociais e de Saúde em Gerontologia”, por meio do qual, desde 2014, já foram realizadas mais de 160 avaliações sociais e de saúde. “Essas avaliações apontam que os idosos têm uma boa qualidade de vida na região, porém a ocorrência de dores ou doenças tende a baixar esse indicador”, afirma a coordenadora do projeto, professora Alessandra Brod. Conforme Alessandra, as principais características que afetam a saúde do idoso, constatadas por meio dos estudos, foram: sobrepeso ou obesidade, insuficiência respiratória e risco cardíaco.
O trabalho do projeto é realizado em parceria com as secretarias de saúde dos municípios da região, que geralmente organizam grupos de idosos em seus Centros de Referência em Assistência Social (Cras). “No primeiro semestre fazemos as avaliações. Depois vamos ao município para a entrega do resultado a cada participante e planejamos oficinas que abordem aspectos que precisam ser mais desenvolvidos por aquele grupo”, finaliza Alessandra. De acordo com a coordenadora do projeto, o objetivo é oportunizar educação para o envelhecimento.
Além do projeto de extensão, uma pesquisa desenvolvida pela professora doutora Arlete Kunz da Costa no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates apontou novas tendências e necessidades dos idosos, a partir de uma pesquisa com 75 participantes, de 15 cidades do Vale do Taquari, divididos em grupos de acordo com a descendência dos pesquisados. Conforme Arlete, o estudo apontou baixo poder aquisitivo dos participantes, o qual geralmente não é suficiente para as despesas com saúde ou para a realização de atividades de lazer. “O acesso à rede básica de saúde é suficiente, mas há dificuldade nas especialidades médicas. Por outro lado, os idosos que participam de grupos de convívio social se dizem muito felizes”, afirma ela, destacando a importância de atividades como bailes, viagens para locais próximos e o convívio com pessoas da mesma idade.
Arlete acrescenta que a pesquisa identificou que os familiares ainda são os principais responsáveis por cuidarem dos idosos na região. “Por isso, há de se pensar em cursos voltados a esses cuidadores”, diz. Em relação às tendências, a expectativa dos idosos da região se deu, principalmente, em relação a cursos de curta duração e voltados ao uso de computadores e celulares. “A familiaridade com esses dispositivos representa a possibilidade de manter contato com os netos a distância”, pondera ela.
Além do projeto de extensão, a Univates realiza cursos e atividades específicas que proporcionam a socialização e o desenvolvimento de habilidades por pessoas com mais de 50 anos, como turmas específicas de hidroginástica, cursos de informática e de educação continuada, como fotografia e Língua Inglesa.
Atividade física e amigos para a autoestima
As amigas Renata Specht e Margarida Scheid moram em Travesseiro e integram o grupo da terceira idade do município, que é um dos participantes do projeto de extensão. “Fizemos a avaliação em abril e foi muito interessante, pois descobrimos como cuidar melhor da pele. Participar desse projeto é muito bom, pois sempre aprendemos e é uma atividade que não tínhamos antes”, afirmam elas. Participando do grupo do Cras de Travesseiro, Renata e Margarida também sentem que a autoestima melhorou desde o momento em que começaram a participar de atividades em grupo. “Praticar atividade física e sair de casa para encontrar com os amigos são ações que melhoraram muito a nossa autoestima”, concluem.
Dicas
Se você convive com idosos, fique atento a algumas situações que podem auxiliá-los a ter uma melhor qualidade de vida ou indicar a necessidade de algum cuidado especial.
Mantenha contato. Muitos idosos passam o dia todo e sucessivos dias sem conversar com ninguém e não entram em contato com seus familiares com receio de incomodar. Por isso, telefone, visite, questione sobre a sua rotina.
Observe mudanças de comportamento e tentativas de chamar a atenção, como chantagens emocionais, o hábito de reclamar demais ou expressar falta de motivação para viver. Por menores que sejam, esses podem ser os primeiros sinais de depressão e demência.
Estimule a prática de exercícios físicos. Possibilite que o idoso experimente diferentes esportes até ele encontrar aquele em que se sinta bem.
O estímulo a atividades manuais pode ser uma alternativa para a prática de atividades cognitivas. Cozinhar também é uma boa alternativa. Estimule o consumo de água para manter o bom funcionamento dos rins e intestinos e a hidratação da pele.
Pesquisa
Em 2015, a pesquisa realizada pelo projeto de extensão “Ações Sociais e de Saúde em Gerontologia” com mais de 160 idosos do Vale do Taquari analisou a qualidade de vida, postura corporal, pressão expiratória e inspiratória máxima, pico de fluxo expiratório, níveis glicêmicos, composição corporal (massa magra, gordura, água e gasto energético basal), fotoenvelhecimento cutâneo, nível de força de preensão palmar e tratamento farmacológico.
Texto: Ascom Univates