É com orgulho que o jovem casal Diogo Zambiasi (32) e Gabriela Bagatini (27), de Nova Bréscia, fala dos investimentos e das conquistas relacionadas à bovinocultura leiteira — atividade que desenvolvem na propriedade em que também moram os pais de Diogo, na localidade de Morro Seco. Atualmente com 13 vacas em lactação, que produzem uma média diária próxima dos 290 litros de leite, ambos trabalham juntos, com garantia de bom retorno financeiro, qualidade de vida para a família e perspectiva de crescimento.
Nesse sentido, olhar para o recém-instalado free stall — que possibilita o conforto dos animais, especialmente nos dias de chuva — é também recordar de um tempo em que quase pensaram em desistir da atividade. Especialmente pela dificuldade de alcançar a tão almejada qualidade do leite — com baixa contagem bacteriana —, hoje tão exigida pela indústria. Foi há dois anos e meio que o casal participou de uma palestra dentro da programação do Dia do Leite. “Pode-se dizer que esta atividade foi um ‘divisor de águas’ para nós”, analisa Diogo.
“O mais engraçado é que não queríamos nem ir nesse evento, de tão desanimados que estávamos”, lembra o jovem. Foi o incentivo de um tio que os fez participar e assim conhecer o palestrante em questão, o engenheiro agrícola da Emater/RS-Ascar, Diego Barden dos Santos — que hoje atua no escritório de Mato Leitão. Com uma linguagem simples e direta, Barden ministrou capacitação sobre nutrição e qualidade do leite. “Foi o suficiente para que passássemos a enxergar a importância de se qualificar e se manter atualizado”, observa Gabriela.
O próximo passo foi a realização de cursos no Centro de Formação de Agricultores de Teutônia (Certa). A cada capacitação, temas como nutrição animal, criação correta da terneira, melhoramento genético e higiene na hora da ordenha eram levados para casa e aplicados com seriedade no dia a dia. “Foi um salto de qualidade”, garante Gabriela. “Se há dez anos tínhamos 20 vacas produzindo, hoje são 13 que resultam no mesmo volume de leite entregue para a integradora, que ainda valoriza esse esforço com o acréscimo de alguns centavos a mais no pagamento por litro”, ressalta a jovem.
Nesse contexto, até mesmo o relacionamento com o pai de Diogo mudou. “Por haver certa ‘tradição’ na forma de fazer, tínhamos dificuldade de fazê-lo entender que algumas mudanças eram necessárias para que a atividade tivesse continuidade”, relembra Diogo. Para o casal os tempos mudaram e se, antigamente, as vacas da propriedade produziam leite apenas para o consumo da família, hoje, devem ser encaradas como negócio. “Foi somente dessa forma que conseguimos permanecer, com ânimo e fazendo investimentos, sempre com os dois pés bem fincados no chão”, afirma o agricultor.
O entendimento com os pais, que deixam o filho e a nora livres para tomar as decisões sobre a atividade, também foram fundamentais para o retorno de Gabriela para a propriedade após um tempo dedicado ao trabalho em uma loja da cidade. “Hoje não troco a minha rotina por nada”, garante. A motivação do casal também pode ser observada nos planos para o futuro. “Não descartamos a possibilidade de instalar uma agroindústria para a fabricação de queijos ou de bebidas lácteas”, salienta Diogo. “Mas é algo que ainda está em fase de estudo”, sorri.
Também pensando no futuro, a Emater/RS-Ascar local, por meio do técnico em agropecuária, Cristiano Laste, incluiu o casal no Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar, do Governo do Estado. Por meio do Programa, de acordo com Laste, será possível promover a gestão e a adequação socioeconômica e ambiental da propriedade. “A intenção é trabalhar de forma sistêmica, realizando o acompanhamento das atividades e promovendo a implantação de um sistema capaz de gerar instrumentos e conhecimento para diagnosticar, projetar, monitorar e avaliar as atividades da família”, finaliza.
Texto: Ascom Emater