No mês de novembro, o programa Prato para Todos alcançou o número de 50 mil pessoas atendidas. Segundo o presidente da Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa), Ernesto Teixeira, é a primeira vez que o programa atinge este índice. “Foi um período favorável ao plantio de algumas categorias de hortifrutigranjeiros. Logo, a produção de alimentos aumentou e consequentemente o número de doações também. Em média, atendíamos 30 mil por mês, com o processo sazonal favorável, conseguimos beneficiar ainda mais famílias neste final de ano”, explica.
Lançado em outubro do ano passado, o projeto social oferece alimentos e educação nutricional a famílias de baixa renda de Porto Alegre. Para a secretária de Políticas Sociais, Maria Helena Sartori, o Prato para Todos é um exemplo bem-sucedido e eficaz de cooperação entre os diferentes setores da sociedade. “O programa mostra que é possível unir o poder público e a iniciativa privada em torno de um mesmo objetivo: promover a segurança alimentar, auxiliando e ensinando as pessoas que mais precisam a terem um alimento de qualidade em suas mesas”, destaca.
“A Ceasa exerce um papel exemplar com o programa Prato para Todos, evitando o desperdício e fornecendo gêneros para entidades sociais. Mais do que proporcionar alimentação saudável, a iniciativa tem a função nobre de educar as pessoas para o aproveitamento integral de alimentos”, lembrou o secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcisio Minetto.
Por meio de voluntários, o programa seleciona hortifrutigranjeiros entre os excedentes de mercado do pavilhão de produtores e do setor atacadista. Ao final do dia, os produtos são classificados e armazenados, para depois comporem kits que têm, ainda, pães doados pela Seven Boys. “O importante é saber que realmente conseguimos evitar o desperdício de alimentos e auxiliar famílias que estavam precisando destes produtos. Se o banco de alimentos não existisse, uma grande quantidade iria para o lixo, deixando de ajudar inúmeras pessoas”, conta o coordenador do projeto, Claiton Ferreira.
“Trabalho com a Ceasa há mais de 30 anos. Então quando me convidaram para participar do programa realizando doações de alimentos, não pensei duas vezes. A gente sempre pode ajudar o próximo com o que temos”, disse Guido Kremer, produtor rural e parceiro do programa.
Entre as entidades beneficiadas estão creches comunitárias, instituições filantrópicas, asilos e entidades oficialmente registradas que cuidam de crianças ou pessoas em vulnerabilidade social.
Voluntariado solidário
O programa Prato para Todos conta com um banco de alimentos localizado na Ceasa, no bairro Anchieta, em Porto Alegre. É nele que trabalham cerca de 280 voluntários, oriundos de unidades terapêuticas especializadas em tratamentos de depen0dência química, que auxiliam na carga e descarga de donativos, além da seleção de alimentos e montagem para a entrega dos produtos a famílias e instituições. “São pessoas que passaram por situações difíceis e que encontram aqui condições para a realização de um trabalho voluntário. É uma reinserção social de muito valor”, explica Claiton Ferreira.
Membro da instituição Usina da Saúde, de Gravataí, Cristiano Correa Vieira, fala que o clima dentro do pavilhão de alimentos contribui para a troca de experiências, aproximando os participantes do projeto. “Como os outros voluntários passaram por histórias parecidas, acabamos nos tornando uma grande família, dividindo experiências e aprendendo juntos”, explica.
Para Cristiano, a sensação de ajudar as famílias que vêm buscar as doações nos portões da Ceasa também é um dos fatores que auxiliam no resultado positivo do tratamento. “Uma boa parte dos que procuram as doações são idosos. Então entregar os alimentos e ver a alegria deles é muito gratificante, faz a gente se sentir bem”, conta.
Educação itinerante
O projeto tem também um ônibus-escola, equipado com cozinha industrial, sistemas de som e ar-condicionado para ministrar oficinas de aproveitamento integral dos alimentos. Nas oficinas, o público aprende receitas de pratos e sucos que utilizam partes não-convencionais dos alimentos, como cascas, ramas e folhas, que normalmente vão para a lata do lixo.
A iniciativa, organizada pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), já capacitou mais de 1,5 mil pessoas, desde outubro do ano passado.
Sobre o programa
Lançado no dia 16 de outubro de 2015, o programa é uma ação da Ceasa/RS e da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), em parceria com o Sistema Fecomércio-RS/Sesc e a empresa Seven Boys. Ao todo, são 350 entidades sociais atendidas, 14 fazendas de jovens em recuperação que atuam como voluntários e 180 famílias do entorno da Ceasa que recebem os donativos do programa.
Texto: Alessandra Pinheiro
Edição: Denise Camargo/Secom