Enquanto muitos reclamam e só percebem o lado negativo da vida, eles agradecem a existência com sorrisos e carinhos. Há 17 anos, no hospital, quando Salete Maria da Cruz (53) ganhou o filho Anderson e descobriu que o cordão umbilical estava enrolado no pescoço e ele nasceria com deficiência, teve um choque e ficou abalada. Mas não deixou com que a deficiência fosse mais forte do que o amor de gerar seu filho por nove meses e querer conhecer para cuidar do menino. Foi até a capela e rezou para que Deus desse uma chance ao bebê, prometendo que iria aceitá-lo do jeito que era e lutar por ele. E foi isso que fez. Hoje a alegria e a superação diária de Anderson surpreende todos ao seu redor.
Com sete meses o menino que tem paralisia cerebral já frequentava os atendimentos clínicos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) a quem a mãe agradece muito. “A APAE é a segunda casa dele. Foi um suporte que me ajudou a superar. Foi ótimo ver essa recuperação e força de vontade, quando cada profissional deu uma mãozinha. Foi fundamental ter esse apoio”, diz a mãe.
No sábado (03) foi comemorado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e mesmo alguns médicos dizendo que ele não teria chance de sobreviver ou caminhar, o jovem mostrou que era capaz. “O Anderson quer ser igual a todos e fazer o que todos fazem, por isso ele tem tanta força. Ele me motiva a querer mais. Deixei de viver minha vida para viver a dele, parei até mesmo de trabalhar, mas ver toda essa superação faz valer muito a pena.”
Ainda com dificuldades na fala, mas muita vontade, Anderson afirma que o que dá forças para driblar os obstáculos é a fé. Segundo ele o que mais gosta na APAE é ter amigos de verdade. Quando era pequeno caminhava com os joelhos, passou a caminhar de andador, utilizar a cadeira de rodas e hoje com apoio consegue caminhar. “Adorava fazer equoterapia e andar a cavalo, foi quando passei a ter mais equilíbrio”, conta Anderson.
A professora Cristiane Labres afirma que ele é um exemplo, o que o fez ter mais autonomia e autoestima, já que tem muita coragem. “Ele é um menino que quer fazer igual aos outros e o que tenta, geralmente consegue. Na parte da linguagem reconhece o som da letra, consegue formar sílabas e sabe números”, diz a professora, salientando que chegou onde está por ter uma personalidade forte. “Muitas vezes preparo atividades adaptadas para ele, mas Anderson pede para fazer sem adaptação. Do jeito dele sempre consegue e isso me deixa muito feliz.” Cristiane afirma que ele é desafiador e sempre quer buscar, ir atrás e vê possibilidades até onde não existiam.
Há 45 anos superando
A diretora Ana Paula Muller destaca que a história de 45 anos da APAE só é valiosa porque conta a vida e a superação de muitas pessoas com deficiência e suas famílias. “A experiência gratificante de acompanhar crianças, jovens e adultos na sua caminhada de desenvolvimento e superação, sempre respeitando a individualidade de cada sujeito e a vivência de cada família, certamente emociona e nos faz acreditar que para cada um, existe uma possibilidade, uma conquista, um resultado”, diz Ana.
A entidade busca alcançar os objetivos previstos para cada aluno ou usuário com qualificação técnica, atualização, novos materiais e tecnologias. “É preciso estar conectado com as novidades e inúmeras possibilidades de reabilitação para pessoa com deficiência. Mas dentro da APAE, somente o aparato técnico não conquista nada. Precisamos de envolvimento, dedicação, vinculo e muita confiança”.
A APAE deseja no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e em todos os dias oportunizar escolarização, reabilitação, inclusão e defesa dos direitos das pessoas com deficiência. “Nosso desejo é fazer mais e melhor, superando de forma harmoniosa todas as dificuldades e projetando ser uma referência especializada para todos que precisarem da entidade”, deseja a diretora.
Texto: Ascom Apae Lajeado