Andar pelo interior do Vale do Taquari é um privilégio e, mais do que isso, é um aprendizado constante. Em minhas andanças, ouvi e aprendi muito, mas principalmente reaprendi a valorizar a nossa cultura, o saber-fazer. Apaixonada por fotografia, como hobbie busco registrar em imagens e anotações essas experiências, especialmente aquilo que recordo ter vivido na infância e que hoje encontro mais dificuldade para vivenciar. Certamente, se você viveu sua infância aqui na região irá concordar comigo!
Por exemplo, ouço dos mais antigos que há alguns anos (volte pelo menos uns 30 anos no tempo) poucos eram os itens comprados, quase todos os alimentos do consumo da família eram cultivados ou criados na propriedade e ainda tinha o excedente, vendido ou trocado por outras mercadorias. As famílias eram grandes e a diversidade dominava o meio rural. Com o passar dos anos, os filhos foram para os grandes centros, as plantações diminuíram, os pais envelheceram…
Sabemos que as coisas mudam e que o ser-humano (in) felizmente se adapta. Também é fato que nos adaptamos com muita facilidade a tudo que é prático. Nos grandes mercados encontramos quase tudo, quase todo ano. Contudo, há alguns anos também é possível observar um movimento reverso.
A busca e a valorização de produtos naturais, mais descascados, menos processados é uma tendência do mercado consumidor que busca por produtos de cadeias mais curtas, mais diversificadas e que consideram a lei natural da sazonalidade, ou seja, você consome aquilo que está disponível em um determinado período do ano e não considera (ou pelo menos considera com menor intensidade) comer bergamota em dezembro ou melancia em julho!
O termo “qualidade” de alimentos pode assumir diversos contextos e gerar um amplo debate. Trazendo esse termo para a realidade das agroindústrias familiares, podemos dizer que o termo qualidade nos remete principalmente a aspectos culturais, vinculados ao saber-fazer e à origem dos produtos. Opinião compartilhada por diversos autores que defendem que em cadeias mais curtas, a proximidade do produtor com seus consumidores estabelece vínculos a partir da identificação com o modo de vida, a história e a cultura, gerando laços de confiança, favorecendo a produção e a comercialização de produtos locais.
Então, convido você a andar pelo interior do Vale e conhecer algumas agroindústrias, seus produtos e processos. Certamente, os produtores estão de braços abertos para recebe-los! Maiores informações, podem ser obtidas pela página do APL AF VT no Facebook!
Abraços, e até o próximo artigo!
Vanessa Daltoé – Tecnóloga em Agropecuária com ênfase em Agroindústria