“Temos muito a agradecer pela oportunidade de participar do Programa Aprendiz Cooperativo do Campo, atividades teóricas e práticas que contribuem para que sejamos pessoas melhores. Assim, não permitimos que o setor primário morra.” A citação é da presidente da Cooperativa Escolar de Aprendizagem Teutônia (COOPEAT), Letícia Diesel da Costa (15), durante apresentação no 1º Seminário do Programa Aprendiz Cooperativo do Campo, iniciativa do sistema Ocergs-Sescoop/RS, do Colégio Teutônia e da Cooperativa Languiru, realizado no dia 12 de novembro no educandário.
A COOPEAT, que tem como lema “Plantando ideias, colhendo conhecimento”, é formada por aprendizes cotizados pela Languiru que participam da inédita formação do Aprendiz Cooperativo do Campo, lançada em 26 de fevereiro deste ano, nesta que é a primeira turma a iniciar esta modalidade de aprendizagem no país. A cooperativa escolar, fundada em assembleia no dia 05 de julho de 2016, produz balas de mel com gengibre, cuida de horta com produção de hortaliças e, mais recentemente, iniciou a produção de rapaduras de chocolate.
Na apresentação institucional, a presidente Letícia e o vice-presidente Djonatan José Schuck (17) falaram do processo de constituição da COOPEAT, apresentaram a diretoria e os integrantes do Conselho Fiscal, além de detalharem o plano de gestão da cooperativa. “Muito do que aprendemos na teoria conseguimos colocar em prática na manutenção e gestão da nossa cooperativa escolar. Produzimos as hortaliças que vendemos, calculamos o custo de produção de nossos produtos e trabalhamos com uma margem de sobra desejada, aprendemos a trabalhar em equipe, realizamos a gestão de recursos produtivos, financeiros e de pessoas, além de nos divertirmos muito”, destacaram.
Entusiasmo
O diretor do Colégio Teutônia, Jonas Rückert, ressaltou a importância do Programa Aprendiz Cooperativo do Campo. “Vivemos um momento histórico e inédito, que nos enche de entusiasmo. Ações como essa são vanguarda e muito importantes para Teutônia e o Vale do Taquari, perpetuando o espírito cooperativo desde cedo nas escolas”, disse, agradecendo pelas parcerias.
O presidente da Cooperativa Languiru, Dirceu Bayer, também se disse contente em poder participar desse momento. “O agronegócio é propulsor da economia brasileira, ao mesmo tempo em que é um setor que apresenta muitos desafios. Os problemas políticos do país geram reflexos graves na economia e os jovens precisam estar preparados para os momentos de oscilação, sempre mantendo o otimismo. Viver no campo é qualidade de vida e desenvolvimento, precisamos nos unir e buscar esse reconhecimento na prática e não apenas no discurso”, desabafou.
Profissionalização do campo
O presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Ocergs-Sescoop/RS), Vergilio Perius, também prestigiou o seminário e parabenizou Teutônia pelo seu trabalho e representatividade cooperativa. “Aqui encontramos uma base cooperativa muito forte, que contribui para o desenvolvimento de toda região. O Programa Aprendiz Cooperativo do Campo é muito rico, cooperativas brasileiras querem vir a Teutônia conhecer este projeto pioneiro, que também conta com turma de aprendizagem em Não-Me-Toque/RS”, enalteceu.
Para Perius, o sucesso do setor primário depende, também, da profissionalização das atividades. “O melhor que podemos fazer para que o jovem permaneça no campo é aliarmos teoria e prática. Ser um profissional do campo está diretamente relacionado à Educação. Com o Programa Aprendiz Cooperativo do Campo, buscamos também o envolvimento dos pais, o que contribui para a sucessão nas propriedades. Esse é um tema bastante complexo, mas que precisa ser definido em família e antes do inventário”, alertou.
Sucessão Geracional em Propriedades Rurais
Com a participação de estudantes, pais, professores e convidados de cooperativas, a programação do Seminário ainda contou com a palestra “Sucessão Geracional em Propriedades Rurais”, proferida pelo agrônomo e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM – Campus de Palmeiras das Missões), Adriano Lago, mestre em Extensão Rural e doutor em Agronegócios.
Ao elogiar o novo modelo do Aprendiz Cooperativo do Campo, Lago parabenizou Ocergs-Sescoop/RS, Languiru e Colégio Teutônia “por acreditarem e estarem empenhados nessa proposta, assumindo e fazendo a sua parte para a permanência dos jovens no campo e para a sucessão nas propriedades rurais”.
Conforme Lago, as cooperativas, por estarem presentes no dia a dia das propriedades rurais, devem promover a discussão para a sucessão. “Precisamos dos jovens dando continuidade às atividades. Quem vai produzir nossos alimentos, quem serão os futuros produtores e associados das cooperativas? O campo oferece muitas oportunidades de negócio e não existe uma receita para a sucessão. Cada situação apresenta suas particularidades, assim como os projetos de vida se modificam de geração para geração”, ponderou.
Para ele, a formação de uma nova geração de agricultores passa por três processos: sucessão com transferência da gestão da propriedade; herança, quando ocorre a transferência do patrimônio; e aposentadoria dos pais, com os pais parando somente no dia em que não apresentarem mais condições físicas de continuar.
Por fim, o palestrante alertou para a necessidade de alinharmos os negócios da propriedade com o futuro das novas gerações. “A sucessão deve ser vista como parte do planejamento da propriedade, a médio e longo prazo, e não como um acontecimento natural. E nesse processo, pergunto: devemos identificar o sucessor ou deixar que ele se identifique, esperar ou preparar? Quanto mais cedo tivermos essas definições, mais preparado o jovem estará para ser um proprietário de sucesso”, explicou, enaltecendo ainda o papel das escolas na formação. “O Colégio Teutônia tem dado importante contribuição com a constituição de cooperativas escolares. Com certeza vamos colher bons frutos dessa trajetória.”
À tarde, a programação do Seminário teve continuidade na Granja do Colégio Teutônia, com almoço e atividades de integração e gincana envolvendo também as famílias.
Texto: Ascom Languiru