Durante a minha infância e adolescência ouvi muitas pessoas dizerem o quão bonita era nossa região e que em termos de atrativos não perdíamos em nada para outros destinos já consolidados aqui no Estado. Isso me fazia ter ainda mais orgulho de morar aqui e de dizer às pessoas o que de bom existia aqui. Aliás, esse é um dos pontos chaves no desenvolvimento turístico de um município ou região: que a comunidade conheça e tenha orgulho de si mesma. E em questão de conhecer o próprio município sempre fui aluna empenhada e tive um ótimo professor: meu pai.
Desde muito cedo fui companheira dele nas andanças pelo interior, conhecendo vários lugares e tomando muitos banhos de rio. Ele tinha orgulho de viver no interior e sempre fez questão de mostrar para meus irmãos e eu como era boa a simplicidade da nossa terra tão linda. Logo depois que ele se foi, tive de encarar o vestibular e apesar de ter passado o ensino médio sonhando em cursar biologia, escolhi cursar jornalismo, pois imaginei que ali teria oportunidade de viajar e mostrar os tantos lugares interessantes mundo afora. Trabalhei na área alguns anos, mas não tinha muito talento pra coisa, não consegui me encontrar na profissão. Me sobressaia quando tinha de escrever algum especial como aniversário de municípios, dia do colono, e nessas ocasiões acabava conhecendo novas histórias e lugares, o que me fazia gostar ainda mais daqui.
Parei a faculdade, trabalhei em outras áreas, viajei pra outros estados, morei em outras cidades, mas o coração sempre queria voltar e ficava pensando que tipo de profissão teria a ver comigo e poderia ser desenvolvida onde eu queria estar. Depois de analisar cursos decidi pela faculdade de turismo, algo pouco conhecido, quase inédito nos municípios da região. Toda feliz pendurei a faixa de “Bixo Turismo” em frente a minha casa e eis que um senhor amigo da família me liga e diz: “O que tu quer com turismo? Vai morrer de fome. Vai cursar direito ou medicina”. Não preciso dizer que chorei pra caramba e fiquei com muito medo de ter feito outra escolha errada, mas encarei o desafio. Cinco anos de estudo, trabalhando o dia todo em outra área, enfrentando 140 quilômetros de estradas e 4 horas de viagem pra chegar até a universidade e eis que conquistei o diploma de bacharel em turismo.
Ingressei no setor público e outros desafios apareceram, dentre eles fazer as pessoas daqui acreditar no potencial que os municípios têm para desenvolver o turismo e tornar o setor uma alternativa econômica rentável. Foram muitas as decepções, muitos nãos, tantos que pensei em desistir, mas Deus colocou pessoas no meu caminho que me ajudaram a prosseguir e hoje já colhemos bons frutos. Temos o Caminho das Cascatas, fizemos várias formações e cursos de aperfeiçoamento e temos principalmente empreendedores e apoiadores empenhados em fazer do turismo uma realidade na região dos Vales.
O que quero dizer com tudo isso é que o resultado das nossas escolhas as vezes demora a aparecer, dúvidas poderão surgir e talvez seja necessário muita persistência, insistência e resiliência para enfrentar os desafios. No turismo as coisas têm de ser planejadas a médio e longo prazo para que lá na frente possamos colher os resultados.
Hoje inicio um novo desafio: o de escrever para vocês sobre o turismo e as atividades que estamos desenvolvendo nos Vales, mostrando um pouco mais dos tantos atrativos naturais e culturais que temos aqui. Espero poder com isso colaborar um pouco mais com o desenvolvimento do turismo nos Vales.
Diuly Mähler – Turismo com ênfase em hotelaria.