Alexis de Tocqueville, no século 19, ou seja, em outro contexto histórico, pregava uma conduta liberal em relação ao poder do Estado, principalmente no que diz respeito ao socialismo pregado na França naquela época. Dizia ele que no socialismo de então as classes mais altas estavam sempre recebendo benefícios e as mais baixas eram seduzidas com facilidade pelas ideias socialistas que, em sua ótica, utilizavam esse discurso para fortalecer o poder do Estado sobre a sociedade.
O problema porém, era que, de acordo com ele, esse poder absoluto, que ia contra os princípios da Revolução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade estava enfraquecendo três frentes: 1) a generosidade e a virtude humana, uma vez que as paixões materiais dos homens eram postos sempre em primeiro plano; 2) a propriedade privada, já que o socialismo mantinha sobre o poder do Estado ou enfraquecia as propriedades produtoras e com isso a liberdade e 3) desprezo aos indivíduos, já que o Estado exercia a função de senhor de cada homem.
Lutando por um ideal democrático, onde a liberdade seria o mote do sistema, e a criação de uma sociedade sem classes daria a real condição de igualdade a todos, Tocqueville combateu a presença dominante do Estado exatamente por acreditar que este deixaria escravizado o povo daquela época.
Eis que quase dois séculos depois de suas considerações, estamos passando por uma situação onde as pessoas estão se queixando do dito “congelamento” dos gastos do governo pelos próximos vinte anos. Uma demonstração escancarada de como nossa sociedade depende muito do gasto público para sobreviver, e pior, depende porque assim quis durante nossa história, o próprio poder público. Mais uma vez a história se repete em seus ciclos e mostra que predominância do Estado nas atividades sociais pode até de certa forma ser fator essencial em relação a manutenção da ordem, mas em relação a atividades econômicas se mostra mais uma vez uma afronta ao desenvolvimento.
A sociedade precisa se libertar dessa cultura clientelista e patrimonialista para poder exercer plenamente sua liberdade econômica e para que o Brasil possa fazer frente aos concorrentes entrando no rol dos países com capacidade de liderança plena mundial. Enquanto nos mantivermos reféns do dinheiro público, com um Estado burocrático e regulador, com as taxas pesadas que temos que pagar, vamos enfrentando a crise com um sopro de esperança a cada migalha dada pelos governantes. Liberdade!
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
Contato: cc.consultoria33@gmail.com