O discurso simplório de que nossa principal “arma” democrática é o voto serve apenas para incrustar em nosso subconsciente social uma acomodação em termos de ação social, podemos e devemos intervir muito mais na política além de participar de eleições de 2 em 2 anos (no sistema brasileiro). Mas isso é assunto para outro artigo, quando falarei sobre capital social. No espaço desta semana convido-os a pensar e organizar as ideias para o período eleitoral que se aproxima.
Para refletirmos mais uma vez a respeito do tabuleiro da democracia e como podemos intervir de maneira pragmática nesse cotidiano na hora do voto nas próximas eleições é que venho questioná-lo sobre o que levará em conta quando se deparar daqui a alguns dias com homens e mulheres nos solicitando nossa atenção e principalmente, nosso voto. Afinal, que tipo de argumentos prevalecerão na sua escolha política?
Serão tempos de glórias para sua majestade, o eleitor. Paparicado, bem tratado, com abraços e carícias verbais, o eleitor nesse período se sente a figura mais importante do mundo quando visitado, convidado para encontros, reuniões e festas (a melhor parte para muitos) e se vê como o centro de todas as atenções e bondades. Mas e depois?
Ao findar das eleições, no período de gestão do próximo governo em nossos municípios, estaremos mesmos cientes de que em nossa escolha prevaleceu o melhor pela coletividade ou mais uma vez nos daremos conta de que nos deixamos levar pelas velhas promessas e argumentos que nos deslumbram pessoalmente mas que, com o passar do tempo, nos mostram que simplesmente fomos mais do mesmo?
Um costume tipicamente brasileiro é de nós, eleitores, termos a mania de colocar a culpa de todas as más situações políticas que nos afligem nos outros. Geralmente a culpa é daquela maioria que elegeu aquele político incompetente ou é do político que prometeu o que não poderia cumprir ou demonstrou (na pior e mais corriqueira hipótese) ser mais um corrupto sem escrúpulos a roubar do povo.
Mas, e nós? Procuramos estudar nossos candidatos? Perguntamos ao proponente quais seus projetos para nosso bairro ou município, buscando verificar a viabilidade de suas promessas e qual o impacto para um grande número de pessoas que elas poderão ter? Questionamos ao candidato do porquê dele se achar preparado para nos representar ou administrar as finanças públicas?
Não, infelizmente o egoísmo da imensa maioria do eleitorado brasileiro os fará mais uma vez pensar inicialmente em vantagens pessoais. Na melhor das hipóteses, o voto vai para aquele candidato que é simpático. No entanto, a maioria ainda votará no conhecido do parente próximo, no vizinho camarada e, na pior das hipóteses, no candidato que promete emprego fácil de grandes lucros no setor público para esse eleitor ou algum familiar seu.
Eis a diferença que podemos fazer logo ali: votar consciente e buscar informações sobre o preparo de quem se candidata a cuidar do seu dinheiro, não exigir e nem aceitar promessas pessoais mas sim pensar no bem coletivo. Aí sim, com razão, poderemos ser considerados como a Sua Majestade: o bom eleitor.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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