Desde o dia 30 de maio, a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto de Colinas expandiu o público-alvo atendido pelas atividades envolvendo música. A partir de agora, alunos das séries inicias da rede municipal de ensino são beneficiados com a oficina de flauta. Vinte e uma crianças do 1º, 2º e 3º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Ipiranga participam das aulas, que ocorrem nas segundas-feiras, das 8h30min às 9h30min, na biblioteca pública municipal.
Os ensinamentos são ministrados pelo professor de música, Leandro Freisleben, e tem como objetivo propiciar vivências musicais com a flauta doce; desenvolver a percepção auditiva, a motricidade fina e coordenação motora; cativar as crianças com a beleza do “Planeta Música” com sua simbologia particular; e mostrar como pode ser divertido fazer música em grupo.
“Sentimos a necessidade de fundamentar pilares musicais concretos mais cedo. Certamente eles virão para as aulas de violino, por exemplo, com a percepção bem mais aprofundada. Queremos fazê-los aspirar o ato de tocar cada vez mais e a curiosidade de descobrir o som dos diferentes instrumentos que são oferecidos pelas oficinas; fazê-los circular entre sopros, cordas e percussão e não esquecendo, livros, pois nosso lar é uma biblioteca. Existe algo melhor para semear a paz do que música e livros?”, sustenta Freisleben.
Segundo a secretária Tânia Fensterseifer, “investir e oferecer uma educação musical é dar à criança a oportunidade de se autodescobrir, despertar os seus talentos, promover a autoestima e desinibição, estimular a atenção, a concentração, a interpretação, o raciocínio lógico, a socialização, além de promover o desenvolvimento do ser humano como um todo”, explica.
Além das séries iniciais, o projeto é desenvolvido com o 4º e o 5º ano, semanalmente em sala de aula, reunindo 44 alunos.
Abaixo, entrevista com o professor Leandro Freisleben:
Qual é a importância dela para o desenvolvimento das crianças?
O desenvolvimento passa pelos âmbitos psíquico, motor, sensorial, criativo, afetivo, racional e social. O cantar, o tocar, o dançar ou o escutar derrubam barreiras, destruindo os bloqueios adquiridos. Existe algo com o qual lidamos diariamente que se chama “talento” ou comumente “dom”. As pessoas, com o passar dos anos, tornam-se escravas dessas expressões: “não tenho talento musical”, “não tenho dom para a música” e olha que estas são expressões bastante comuns não apenas em adultos, mas também em pré-adolescentes e adolescentes, que passam a acreditar que tudo é desafiador, tudo é difícil. O mais interessante, em se tratando de crianças em tenra idade, é que elas não perguntam se fazer música é difícil ou se elas possuem o tom famoso “dom”, elas simplesmente se divertem com a flauta na mão.
Como está sendo o ensinamento para os novos alunos?
Todos sabem da existência da famosa teoria musical, tão desafiadora que costuma desestimular grande parte dos diletantes musicais. Essa teoria é composta por símbolos que foram talhados desde a idade média, geração após geração, com o intuito de resguardar informações e memórias musicais. Graças a essa mesma teoria podemos entender muito da música do passado de Bach, Mozart, Beethoven. Então não, podemos negligenciar o fato de que esta linguagem não pode ser esquecida, para o bem da Humanidade. Mas, por outro lado as crianças não necessitam, neste momento, desta difícil linguagem. Elas desenvolvem sua percepção com uma linguagem bastante simplificada, com desenhos de fácil memorização, que tem como principal objetivo desenvolver a percepção auditiva, com diferentes durações e alturas.
Quais técnicas são repassadas?
As crianças estão desenvolvendo suas habilidades de memorizar o significado dos símbolos propostos, a percepção das alturas e durações das notas, a motricidade fina ao abrir e fechar furos em suas flautas e, o principal, analisar se estão afinados ou não. É a arte de ouvir. Como nos ensinou Shinichi Susuki em seu livro Educação é Amor: qual é o sentido da vida humana se não a busca pelo amor, pela verdade, virtude e pela beleza de viver. Essas crianças sem sombra de dúvida aprenderão bem mais do que apenas tocar flauta doce.
Há diferença entre os alunos do 1º ao 3º em relação aos do 4º ao 5º?
Tudo é muito particular, o relacionamento pessoal com o fazer música, ou apreciar música. Um dos detalhes mais interessantes que observo é que no 1º ano não existem as comuns dúvidas que já estão bem presentes no 4º e 5º anos. Questionamentos sobre suas habilidades, seu prazer em fazer música, dificuldades em entender o abrir e fechar furos em uma flauta doce. Na verdade, tanto faz 1º, 2º, 3º, 4º ou 5º anos, o caminho para eles está bem aberto e sua capacidade de realizar tarefas é magnífica, basta apenas vontade e curiosidade.
Texto: Assessoria de Imprensa da Prefeitura